Conforme prometido ontem, segue abaixo uma entrevista com Tomas Alvim, editor da Bei Editora, que é um dos integrantes-idealizadores da Torcida Sampafogo.
O que é exatamente a Sampafogo?
É a reunião de um grupo de apaixonados pelo futebol que tem como ponto cardeal central o axioma: futebol é arte.
Como e quando surgiu a ideia de fazer a torcida? E por que justamente São Paulo e Botafogo?
A Sampafogo surgiu por causa do decisivo jogo Botafogo e São Paulo do campeonato brasileiro do ano passado. Nele, o Botafogo livrou-se do rebaixamento e o São Paulo viu esvair-se a possibilidade do quarto título nacional consecutivo. Foi perante este clima que um grupo de torcedores são-paulinos foi recebido no Rio de Janeiro, mais especificamente em Marechal Severiano, por um elegante grupo de botafoguenses que nos ciceroneou até o estádio do Engenhão com ingressos, translado e ar-condicionado incluídos. E respondendo a segunda pergunta: porque esses dois times sempre foram apologistas do futebol arte.
Vocês acham que a Sampafogo poderia ser o início de um movimento que poderia contribuir de alguma forma para a paz entre torcedores?
Não pensamos nisso, mas poderia servir de referência.
Vocês pretendem expandir a Sampafogo ou ela vai se manter como uma espécie de confraria de amigos?
Esperamos que se expanda, pois seria como um plano de manejo para a sobrevivência do futebol arte.
Voltando à questão das brigas entre torcidas: não seria o caso de a Confederação Brasileira de Futebol agir energicamente contra os times, como fez a Federação Inglesa de Futebol, e que resultou no quase fim dos conflitos entre os hooligans?
Acho que sim. Tenho um amigo suíço que sempre diz: “se tiver que fazer alguma coisa cheque antes se os ingleses já não o fizeram, pois, caso sim, a solução deles será sempre melhor que a sua”.
O que você pensa sobre isso de alguns torcedores levarem futebol tão a sério a ponto de irem a treinos cobrar dos jogadores e até mesmo da direoria dos times? Será que não há um exagero aí?
Claro que há, embora isso seja inerente ao esporte. Cabe aos clubes administrarem com competência e profissionalismo todas as manifestações das suas torcidas.
Para terminar: e esse time do Santos, que vem arrasando os adversários? São mesmo os favoritos para levar o Campeonato Brasileiro deste ano?
O time do Santos caminha para ser o paroxismo do nosso axioma maior: futebol é arte. E, se continuarem jogando nesse nível, seria bom para o futebol que ganhassem o brasileiro. Seria como uma redenção local da tragédia de 1982, que tanto marcou os rumos do futebol mundial.