Quase impropérios

Puto é pouco para o que eu estava há algumas horas. Eu estava transtornado. Puto estou agora, depois de um banho morno, uma cerveja e um leve desabafo com os velhos.

Hoje tive que ir – sim, eu TIVE QUE IR – a um jantar com colegas de trabalho, pois nossos gerentes vieram fazer uma visita e vocês sabem: tem toda aquela coisa do encontro, do lazer, da confraternização. A verdade é que eu não ia. Mas meu superior direto me disse, com relativa razão, que eu me prejudicaria e também o prejudicaria, não indo: “Se você não for, tem que conseguir uma boa desculpa. O que eles vão pensar se só você não for?”

Pensariam que eu não gosto de me reunir com o pessoal, ou que não gosto deles. O que não é verdade. Gosto de sair com o pessoal com quem trabalho, e pra eles, os chefões, não dou a mínima. Faço meu trabalho bem feito, me esforço para me dar bem com meus colegas e isso me basta. Aliás, isso me custa.

Lidar com pessoas é difícil. Se às vezes brigamos com pais e irmãos, sangue do nosso sangue, imagine com colegas de trabalho. São pessoas estranhas, no sentido de que você não as conhece. Recomendo sempre manter uma boa distância de colegas de trabalho. Amigos de verdade, na vida, são poucos, e eu já tenho demais. Não preciso de mais. Ainda assim, fiz amigos no meu emprego anterior, e fiz alguns no emprego atual – acredito eu. Estou perdendo o foco do post.

A questão é que eu não queria ir para o jantar e acabei indo. Lá, tudo correu bem e tal. Mas aí a agonia do antes, da quase bronca que levei porque não queria ir, o desmarcar de encontrar minha noiva – porque só poderia ir gente do trabalho mesmo – e a agonia de voltar pra casa, depois do jantar, que custou a acabar. Sem contar que não pude ver meu time ser campeão na tv, mas quanto a isso até que tudo bem, eu já sabia que ia ser campeão mesmo.

As empresas agora estão com essa frescura de confraternizar, comemorar, reunir. Porra, não é minha família, caramba. Eles já sugam tudo o que podem e o que não podem do funcionário, e ainda querem que o cara vá às festas da empresa fazer papel de “ó, sou um funcionário exemplar, feliz e sorridente” – além de puxar o saco dos chefes, é claro.

Esse jantar me fez pensar mais furiosamente em algumas coisas. Na verdade, uma coisa: em como as pessoas podem ser falsas, hipócritas e caras de pau. A imagem que os gerentes tiveram de nós é que formamos um grupo unido, com um único objetivo, que é o de fazer a empresa aumentar seus lucros e com isso crescermos dentro dela. Ok, até que dá pra engolir isso. Mas é revoltante ver pessoas se fazendo de boazinhas durante uma droga de jantar, sendo que no dia a dia elas são extremamente difíceis de se lidar, cabeças duras e, que merda, imbecis. As pequenas atitudes do dia a dia, como não tratar bem os clientes, se recusar a fazer determinado procedimento apenas porque aquele atendimento não vai contar para a maldita meta e deixar uma bomba (leia-se: cliente com problema) cair em minhas mãos é de matar. Eu hoje me esforcei para não explodir com um e com outro e deixar de ir para a porcaria do jantar.

Uma menina dos EUA foi demitida da empresa em que trabalhava porque falava mal dos colegas dela em um blog. Parece que ela citava nomes e tudo. Aqui eu não citei nome de ninguém nem falei o nome da empresa em que trabalho, mas se alguém de lá ler, dane-se. É bom que fica sabendo o que realmente penso. Quer dizer, quem quer saber, sabe, eu não escondo.

É, eu estou mesmo puto. No mínimo.

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