Hoje começa a Festa Literária Internacional de Paraty, a tão famosa e badalada Flip. Não ia falar sobre esta edição, até porque não estarei lá para ver e tampouco acompanhei de perto o avanço da montagem da programação, mas seria até um pecado ao menos não falar um pouco sobre o evento.
Fui à Flip de 2007 e gostei muito do que vi. No que se refere a convidados, foi uma das melhores Flips até hoje. Por isso e por outros motivos, pessoalmente, foi a melhor de todas. 2007 foi um ano muito especial para mim, e a Flip meio que ficou como um marco de tudo o que me aconteceu – tanto de bom quanto de ruim. Erros e acertos, defeitos e qualidades, pude enxergar tudo de uma maneira bem mais clara durante aquela viagem (o trajeto foi o seguinte: São Paulo – Paraty – São Paulo).
Assisti, no dia do meu aniversário, à mesa com Jim Dodge e Will Self, e depois da mesa fui direto para a fila de autógrafos. Já havia lido “Fup”, do Jim, antes de viajar, mas não levei o livro. Comprei outro exemplar só para trazer o autógrafo dele para casa. Comprei lá também “Cock&Bull”, do Self, para colher sua assinatura no livro. Eu estava lá não apenas como jornalista credenciado, mas também como fã, literato e aspirante a escritor. Inclusive, essa Flip foi uma grande oportunidade para saber o limite entre essas três personas que carrego comigo. Existem ocasiões nas quais é preciso separá-las. Em outras, o legal é que elas se confundam mesmo.
Mas enfim, tergiverso. Falemos da Flip 2010.
Esta edição é a dos retornos, dos repetecos. Que eu me lembre, Ronaldo Correia de Brito e Salman Rushdie são dois autores que já estiveram em outras edições. Por um lado isso é ótimo, porque não se deve fechar as portas para autores que já participaram do evento como convidados. Por outro, pode ser um indício de que está começando a faltar convidados à altura da Festa. Mas esta não é a minha opinião, é bom deixar claro.
Por exemplo: por que não convidar Eduardo Galeano? Ou será que já convidaram e ele não pôde/quis vir? E o Nick Hornby? E se é pra misturar literatura com outras plataformas, que tal o Charlie Kaufman? Se for pra falar de mercado, que tal uma mesa com editores de grandes editoras? Enfim, ideias.
Voltando a esta edição e finalizando o post: eu não perderia, de modo algum, as seguintes mesas:
05 de agosto
– Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Bracher, por causa do Ronaldo, que daqui a alguns anos será considerado um dos maiores autores do nosso tempo;
– Isabel Allende, logo depois da mesa acima, por causa do mediador, Humberto Werneck, que conseguiu desarmar no ano passado o Antonio Lobo Mau Antunes;
– Peter Burke e Robert Darnton, também depois da mesa acima, por causa do tema: o futuro dos livros;
06 de agosto
– Robert Darnton e John Makinson, continuação da mesa com o Peter Burke;
– William Boyd e Pauline Melville, por causa do Boyd, um autor que não li mas tenho imensa curiosidade em conhecer;
– Salman Rushdie, porque… bem, ele é o Salman Rushdie, oras;
07 de agosto
– Terry Eagleton, porque ele tem uma teoria que, na minha opinião, é estapafúrdia, que diz o seguinte: mesmo se determinado autor não nascesse, suas obras seriam escritas por algum outro; por exemplo: se Dostoiévski não tivesse nascido, eu poderia escrever “Crime e castigo”. É um sujeito corajoso, gostaria de olhar a cara dele.
– obert Crumb e Gilbert Shelton, por causa do Crumb, que já ilustrou um livro do Bukowski (“O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio”), e eu gosto muito do Buk;
– Colum McCann e William Kennedy, por causa do Kennedy; todo escritor deveria ser obrigado a ler seus livros, principalmente os ruins, para aprenderem como é que se escreve de verdade. Ele é simplesmente brilhante.
08 de agosto
Benjamin Moser e Berthold Zilly, por causa do Moser, autor de “Clarice,” (assim mesmo, com vírgula), biografia de Clarice Lispector e aparentemente super gente boa.
Para quem for a Paraty, uma boa Flip! Com certeza terá muitas histórias para contar. E não deixem de acompanhar a cobertura da Bravo! no blog Bravices.