Ontem vendi um “50 poemas escolhidos pelo autor“, de Manuel Bandeira, pela Estante Virtual, e deixei o exemplar separado aqui pra embalar e mandar pelo correio amanhã. Cássia viu, comentou que o livro é bonito e eu peguei o outro exemplar, que está aberto, e mostrei a ela. Daí, não sei por qual razão, inventei de colocar no som o CD que vem junto com o livro, com poemas recitados pelo escritor pernambucano. Qual não foi minha surpresa ao ouvir “Pneumotórax”, um dos poemas mais sensacionais da literatura brasileira. Depois de continuarmos ouvindo e lendo mais alguns, resolvi que vou ficar com o outro exemplar. Minha ideia era vender os dois, mas não dá pra se desfazer de algo assim. Pra quem não conhece, aí vai o “Pneumotórax”:
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
– Respire.– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
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