Ao votar num candidato você não está dando seu voto de confiança apenas para ele, mas também ao seu vice – ou suplente, a depender do cargo.
No caso das eleições para presidente, temos, nas três principais candidaturas, os seguintes vices:
Michel Temer (Dilma Rousseff, PT);
Índio da Costa (José Serra, PSDB);
Guilherme Leal (Marina Silva, PV).
Bem, vejamos: sobre Temer recaem pelo menos duas suspeitas: “seu nome apareceu 21 vezes na operação Castelo de Areia, investigação da Polícia Federal que tem como principal alvo a construtora Camargo Corrêa” e “seu nome voltou a ser associado a um escândalo neste ano, na operação Caixa de Pandora, que investigou o mensalão do DEM, esquema no Distrito Federal que custou o cargo do governador eleito, José Roberto Arruda”. Há suspeitas também de que Temer não tenha declarado todos os seus bens em sua declaração de renda. Além disso, o PMDB é conhecido por fazer as mais diversas alianças, tudo em nome do poder. Imaginem se esse homem assume a presidência por algum motivo?
Já Índio da Costa caiu de paraquedas na campanha de José Serra. Por ser novo e ter sua carreira quase toda inteiramente restrita ao Rio de Janeiro, não se sabe muito sobre ele. Mas neste perfil do candidato, publicado na revista piauí de agosto, tem o seguinte: “Índio da Costa elegeu-se vereador por duas vezes. Exerceu o cargo por pouco tempo, pois logo foi para a máquina da prefeitura. Ainda assim, deixou uma penca de inimigos na Câmara Municipal, capitaneados por Andrea Gouvêa Vieira, do psdb. Durante o período em que presidiu a Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira da Casa, ele foi criticado por conduzir as sessões de forma autoritária e ineficiente. Uma moção de repúdio a ele chegou a ser publicada no Diário Oficial do Município, quatro anos atrás”. Além disso, Índio passou a inventar factóides depois de ser anunciado com vice de José Serra, como quando disse que o PT tem ligações com as FARC. José Serra se refere ao DEM, partido do qual Índio da Costa faz parte, como “aqueles direitões” – está lá, no perfil da piauí. Imaginem se esse homem precisa assumir a presidência?
Na contramão deles aparece Guilherme Leal, vice de Marina Silva. Empresário, um dos donos da Natura (com 25% das ações da empresa), Guilherme foi retratado, em um perfil também publicado na revista piauí, na edição do mês que se encerra hoje, como um homem preocupado com as questões sociais, ambientais e também com o crescimento econômico. Mas não o crescimento a qualquer custo, e sim de maneira sustentável.
Dois trechos do perfil me chamaram a atenção: “Ultimamente, depois de sete anos de abstinência, voltou a fumar. E, com o tempo curto até para isso, depois de duas ou três tragadas num Dunhill escuro, esmaga a brasa até apagar o menor lume e enfia a bagana no bolso do paletó de caxemira, para não deixar nada no chão”.
Depois, este, que precisa de uma pequena explicação para fazer sentido: antes de se aventurar como empresário, Guilherme Leal trabalhou na Ferroviária Paulista S.A. (Fepasa), mas perdeu o cargo de superintendente quando Paulo Maluf tomou posse do governo de São Paulo e resolveu colocar sua turma no lugar. Aí vai o trecho: “Juntos, eles [Marina e Guilherme] formaram nesta eleição presidencial uma chapa que parece menor do que a biografia de cada um deles. Mas Guilherme Leal passou os últimos meses dizendo que Marina Silva cresceu à prova de derrotas, ao nascer seringueira. E dele a política brasileira já tentou se livrar uma vez. Deu no que deu”. O que falar contra Guilherme? E, se ele assumir a presidência algum dia, haveria algum temor? Eu mesmo respondo: não.
Na primeira vez em que a política brasileira “se livrou” de Guilherme, ele caminhou por uma estrada que o tornou um dos homens mais ricos do mundo. O que acontecerá agora, se Marina e Guilherme ficarem pelo caminho? Será que eles voltam com força total em 2014?
Prefiro acreditar que Marina e Guilherme estarão no segundo turno.
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