Dias atrás recebi, por engano (e abençoado seja quem se enganou), o livro-reportagem “O massacre“, do jornalista Eric Nepomuceno, sobre a carnificina em Eldorado dos Carajás, no Pará, que ocorreu em 1996.
Ser resenhista tem dessas coisas. Ano passado recebi dois livros por engano também. Um eu dei a Cássia, o outro está aqui, doido pra ser lido, ainda. Mas voltemos a “O massacre”. Reproduzo aqui o início da apresentação do livro.
Trabalhei neste livro entre fevereiro de 2004 e junho de 2007. Entrevistei 32 pessoas, algumas delas várias vezes, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, Belém do Pará, Marabá, Eldorado dos Carajás e Parauapebas. Essas conversas resultaram em cerca de 54 horas de gravações, além de três cadernetas de anotações.
Li, da primeira à última, as quase 20 mil páginas que integram os dois inquéritos – o da Polícia Militar e o da Polícia Civil – que investigaram o caso. Perdi a conta do número de documentos acadêmicos, análises, ensaios e material de imprensa que consultei.
Isso sim é jornalismo. O resto é conversa fiada.
Segundo Nepomunceno, “O massacre”, ilustrado com fotos de Sebastião Salgado, tem a intenção de “Mais do que revelar, … recordar – soprar as brasas da memória para impedir que se tornem cinzas mortas. Ele foi escrito para lembrar que está história pertence a um passado que permanece, intacto, no presente de outros milhares brasileiros que vivem a esperança cotidiana de conquistar seu pequeno universo particular – um pedaço de terra.”
Ele veio no lugar de “A grande guerra pela civilização”, de Robert Fisk (outro exemplo legítimo de jornalismo), que deve chegar ainda esta semana.
(O tanto de “jornalismo” é porque estou empolgado com meu texto sobre o tema, a sair no Digestivo, se ele ficar, no mínimo, razoável.)
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