Laurentino Gomes no Fórum das Letras

Foto: Carol Reis

A mesa “Os órfãos da independência: as relações Brasil e África e as esperanças frustradas em 1822” deveria contar com dois convidados: o brasileiro Laurentino Gomes e o angolano Fragata Morais. Este último não se fez presente, mas, mesmo desacompanhado, o jornalista brasileiro deu conta do recado, ainda que o tema da conversa tenha sido alterado.

O bate-papo foi conduzido pelo historiador Clóvis Bulcão e se concentrou no trabalho de Laurentino. Como ele é autor de dois festejados e muito bem vendidos, obrigado, livros sobre História do Brasil – “1808” e o recém-lançado “1822” -, nosso país foi o protagonista da mesa.

Falou-se no rei Dom João VI, um dos “personagens” principais de “1808”, que é tido como um rei trapalhão e abobalhado, imagem que não é de todo verdadeira; em José Bonifácio que, segundo Laurentino, não era tão sério quanto a História tradicional ensina, pelo contrário, tinha um lado bon vivant, com muitas amantes; também em Dom Pedro I, que ficou marcado como mulherengo – e realmente o foi – mas que também foi um político, pode-se dizer, liberal, com ideias e posições relativamente avançadas para o seu tempo, entre outras personalidades histórias.

Sobre suas obras, Laurentino Gomes afirmou serem trabalhos de divulgação científica da História do Brasil, ou seja: ele é um jornalista que faz uma narrativa secundária, com base em pesquisas em livros de historiadores. Seu objetivo, disse, é tornar o conhecimento que está praticamente restrito à academia acessível para o público em geral, além de professores de História e estudantes.

Perguntado por Clóvis Bulcão sobre de onde veio seu interesse por História, Laurentino deu um depoimento muito verdadeiro – eu diria até comovente. Contou que seu pai, que trabalhava num cafezal no interior do Paraná, mesmo com pouco estudo, lia muito sobre a História do Império Romano, e às vezes contava para o filho algumas das coisas que aconteceram. Essas histórias deixaram o pequeno Laurentino fascinado, e daí nasceu seu interesse pelo passado.

Ao fim da mesa, o autor afirmou que o Fórum das Letras é o único evento literário em que os autores podem se encontrar e conversar uns com os outros com tranquilidade. Na maioria dos eventos os convidados chegam ao local no dia em que vão participar e vão embora logo no dia seguinte. Aqui, em Ouro Preto, não é assim, o que contribui para uma maior proximidade não apenas entre autores, mas também entre público e convidados. Algo que eu já disse outras vezes e não me canso de repetir: o Flop é realmente um evento diferenciado. Longa vida ao Fórum!

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