Bola pra frente

Diferente do que aconteceu na Copa do Mundo de 2006, a seleção brasileira não sai pela porta dos fundos. Apesar da eliminação inesperada – quem contava com isso, depois de um primeiro tempo arrasador contra a Holanda? -, o sentimento, ao menos para mim – se é que posso falar isso, já que sou apenas um torcedor -, é de dever cumprido.

É verdade que o escrete canarinho não jogou o futebol que não apenas todos os brasileiros, mas também boa parte do mundo, esperava. Por outro lado, o time vinha evoluindo no decorrer do torneio, chegando ao apogeu justamente no primeiro tempo do jogo do hoje.

Sabe-se lá por que, a seleção voltou com uma postura diferente para a segunda etapa da partida. Uma mistura de ansiedade, nervosismo e, ao mesmo tempo, relaxamento. Talvez por ter sido tão superior durante os primeiros 45 minutos, os jogadores brasileiros tenham pensado que a partida estava ganha. Talvez.

Mas não adianta ficar tentando procurar razões ou culpados. (A não ser que seja por brincadeira, dizendo que a culpa é do Mick Jagger, o maior pé-frio da Copa: antes de torcer pelo Brasil, ele foi aos jogos decisivos de Inglaterra e Estados Unidos, também eliminadas diante da presença do rolling stone.) Não se pode crucificar o Felipe Melo por ter sido expulso – até porque tenho lá minhas dúvidas se o pisão que ele deu no Robben foi proposital, visto que a reação dele de pedir desculpas foi imediata -, muito menos o Dunga, que optou por convocar atletas dedicados e comprometidos com a seleção, em detrimento de novos nomes.

Confesso que, após sair a lista dos convocados, critiquei muito o fato de Paulo Henrique Ganso não ter sido chamado. Mas depois, pensando melhor, compreendi a lógica – ou coerência, como ele prefere dizer – de Dunga. Além disso, os três primeiros jogos me fizeram finalmente entender que Elano era fundamental em seu time.

Acho que o Brasil deve ter orgulho da seleção. Em momento algum vimos indícios de displicência em campo. Muito menos de irresponsabilidade. Faltou, é certo, um pouco mais de sangue frio, mas é tarde para teorizar sobre isso.

A partir de agora temos que voltar nossas atenções para a eleição que vem aí. A Lei da Ficha Limpa foi aprovada para evitar que políticos condenados pudessem se candidatar, mas as liminares derrubando a Lei já estão pipocando por aí. Além disso, temos menos de quatro anos para organizar a próxima Copa do Mundo. Há muito o que ser feito, e, se permitirmos que políticos corruptos – mais que isso, condenados – tomem a frente do processo de organização do torneio, a roubalheira que já é grande vai ser ainda maior.

Mas enquanto a Copa não termina, torcerei para que os países do Mercosul continuem tendo uma boa participação, inclusive a Argentina o Uruguai.

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Recomendo veementemente que vocês leiam o post “Seleção de títulos“, do Almir de Freitas, editor da Bravo!. Simplesmente imperdível.

* Crédito da foto: agência Reuters.

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