Bernardo Carvalho, um dos autores contemporâneos que menos conheço mas, por conta de algumas declarações dele, mais admiro, foi o convidado da mais recente edição do Paiol Literário, promovido pelo jornal Rascunho em parceira com o Sesi Paraná e a Fundação Cultural de Curitiba.
Ele não foi está na lista do post anterior, mas estará na próxima, que não sei quando faço. Deixa ao menos eu ler um dos dois livros dele que tenho aqui. Pouco provável que eu não goste.
Abaixo, a declaração dele que mais me chamou a atenção, no Paiol.
Eu vivo num mundo de fantasia. Crio um tipo de literatura que eu acho que tem alguma importância porque preciso continuar criando, mas que, na verdade, não tem nenhuma importância, não tem nenhuma conseqüência social. E no capitalismo tem um negócio que se estabeleceu: o mercado. A arte já não funciona mais para o estado, para a religião, mas se também não funciona no mercado, ela não faz sentido. Isso é terrível. Nessa situação, eu sou nada. A minha literatura pode ser de resistência, mas é muito pequena, não tem o menor significado. É nada. O que eu faço é totalmente insignificante.
Bernardo pensa assim, e continua escrevendo. Até onde sei, ele não fica reclamando por aí, clamando por mais leitores e dinheiro. E não adianta rebater o que eu disse com o argumento de que ele é publicado por uma grande editora, que ele trabalha para ela e que, por conta disso, não pode reclamar. Nos dias de hoje, nêgo pode ser o dono da editora, que mesmo assim reclama pelos cotovelos. Tem autor editado por grande editora que não faz outra coisa a não ser reclamar. E o pior: nem escreve bem. Se escrevesse, até dava pra entender e engolir as lamentações. Sem contar que Bernardo Carvalho tem bom senso e é competente no que faz, qualidades que não encontramos em uma boa parte dos escritores brasileiros contemporâneos.
Enfim.
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