Nem sempre quem escreve ou afirma algo deseja ter razão, estar certo. Quando, por exemplo, digo que as pessoas em geral são burras e idiotas, quero, na verdade, que me digam o contrário, que me façam acreditar que estou errado e que as pessoas são gentis, atenciosas, educadas, inteligentes e sábias.
Infelizmente, ninguém tentou me convencer de que estou exagerando.
Quando escrevi a segunda parte deste texto, eu estava irritado com uma série de coisas (isto e isto, só para ficar em dois exemplos). Destilei ali a minha indignação, transformei em palavras o meu sentimento, organizei em caracteres o que antes eram apenas resmungos solitários. Como resultado disso, apenas um indivíduo que vestiu a carapuça e saiu gritando na rua “AAAAAAAAAAIIIIIIII, SOU EEEEEUUUUUUUUU”, outros que tentaram colocar a carapuça em mim, e alguns outros que concordaram comigo.
O problema é que, mesmo quem tentou virar meu texto contra mim – tem coisa mais burra que isso, tentar jogar, contra um escritor, sua própria criação? – não chegou a discordar, a tentar mostrar que eu estava errado. Ao fazerem comentários quase agressivos, acusadores, apontando dedos para o meu nariz, eles fizeram justamente o que eu critiquei no texto.
Mas o que mais me incomoda mesmo é ver que nada mudou. Eu continuo coberto de razão, por mais que apareçam pessoas dizendo que não. E, sinceramente, eu gostaria muito de ter errado na época. Ou de agora o texto não fazer mais sentido. Mas faz. E muito mais.
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