Well, let’s see

Bom, vamos lá. Você nasceu no final da década de 70, seus pais lhe criaram, você teve lá seus tios, avós, primos chatos, teve um caso com um primo etc. Sua vida não foi lá uma maravilha, é claro. Mas você não nasceu sem um dos braços nem perdeu algum dos membros ao longo dela. Você enxerga bem, ouve bem, cheira bem – em ambos bons sentidos -, poderiamos até dizer que você é uma pessoa legal.

É verdade que sua família passou por uns apertos e tal, mas nunca faltou comida na sua casa – mais que isso, nunca faltou uma casa -, seu tio não matou seu pai, sua mãe não era uma bêbada esquizofrênica nem seu avô foi amigo do Hitler. Se formos comparar com a vida de centenas de milhares de pessoas – ou, sei lá, com a vida de toda a população do Quênia ou com 50% da população da África do Sul -, sua vida foi/é maravilhosa.

Mas havia um problema. Você não se parecia nem com seu pai, nem com sua mãe. Nem com um tio ou uma tia. Nem com seus avós você se parecia! Você tem os traços de uma bisavó que ninguém vivo chegou a conhecer, alguém chegou a essa conclusão vendo uma foto quase totalmente apagada, para desfazer aquele silêncio provocado pela irmã da esposa de um tio seu, que disse que seus traços são “originais”.

Daí, encucada com isso, você inventa de fazer um exame de DNA, pra saber se é mesmo filha biológica de seus pais. O teste, é claro, diz que você NÃO é filha biológica das pessoas que lhe criaram. Óbvio, cabeça de vento você pra correr atrás disso. Burra, mil vezes burra. Pra quê isso? Encontrar sua identidade? Ora, quem é você? A reencarnação de Freud?

Enfim. Investigando um pouco mais, você descobre que foi trocada na maternidade. Com um pouco mais de esforço, você descobre quem nasceu no mesmo dia e com que bebê você poderia ter sido trocada. Calma, falta pouco. Você vai atrás da pessoa, faz um teste de DNA com os pais dela e, voilá!, você é filha biológica do casal que criou a outra menina.

Certo, Sherlock, você venceu. Mas ainda não acabamos. Só pra recapitular: você não foi molestada pelo seu pai, sua mãe não quebrou nenhum cabo de vassoura na sua cabeça nem lhe deixou presa amordaçada ao pé de uma mesa. Muito pelo contrário. Eles te criaram, te educaram, amaram você como se ama um filho. MAS É ÓBVIO! Você É filha deles. Bom, vamos adiante.

Todo mundo se reúne: você, a menina, seus pais, os pais dela, enfim, essa bagunça que você provocou e agora chama de família. E eis que, depois de passar dias e dias conversando, imbuídos de um extremo bom senso, vocês resolvem processar a maternidade onde ocorreram os partos, por causa do “sofrimento” que vocês todos passaram.

Ah, tá.

***

Deu pra ver que estou inspirado? Alguém quer entrar no ringue?

“Os infiltrados” só se salva por causa de Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson, Martin Sheen e, claro, Martin Scorsese.

O roteiro é uma droga. Me digam sinceramente: o que seria do filme sem as interpretações super-ultra-boas dos atores citados e a maneira que Scorsese escolheu pra filmar a bagaça? Seria tipo um “Loucademia de Polícia 27”, com um pouco de drama.

Ah, menção honrosa para a loira lá, que não sei o nome, não procurei, mas me pareceu ser uma atriz competente. Além de muito bonita, sim?

O filme não tem um impacto que tem, vamos ver…, “Sangue Negro”. Ou, ã… “Onde os fracos não têm vez”. Sim, cito-os novamente, porque são super-ultra-bons e já falei deles aqui.

Scorsese deve ter ganhado o Oscar pelo milagre que fez com o roteiro meio maluco de um cara aí que não sei o nome.

***

Rá! Este post é uma piada? É tudo verdade? Vamos abrir as portas da esperançaaaaaaaaaaaa!

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One Trackback

  • By Post de links - 10 on November 8, 2008 at 12:55

    […] “Well, let’s see” ‘Os infiltrados’ só se salva por causa de Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson, Martin Sheen e, claro, Martin Scorsese. […]

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