A intenção era fazer um estrago no cartão de crédito e voltar carregado de livros. Mas nos últimos dias aconteceram coisas estranhas, como “Robinson Crusoé“, Houellebecq, além de um vencedor do Pulitzer que eu queria faz tempo, Dickens e coisinhas mais, por 10 reais cada. Mas isso foi aqui na cidade, não nos sites.
Então, a razão de irmos a Salvador foi mesmo para que Cássia conhecesse finalmente um amigo meu de longa data e sua respectiva namorada (e que eles a conhecessem também, óbvio) e para finalmente conhecermos a Siciliano e a Saraiva.
Dei uma de espião nas livrarias, é óbvio. Não sei porquê o povo reclama tanto aqui. Professor tem desconto, estudantes têm descontos especificamente em suas áreas e tal, mas nem Saraiva nem Siciliano dão desconto. Até a Livraria Cultura tem o programa “Mais Cultura”, que dá descontos a afiliados. Tudo bem que Saraiva e Siciliano (que, aliás, são tudo a mesma coisa agora) fazem promoções nas lojas virtuais e os preços são até menores que nas lojas físicas. Mas, pô, “Fantasma sai de cena” tava de 42 pilas lá. No site está de 32,30. Acabei não levando.
Mas peguei “Os magros“, de Euclides Neto. Cássia foi me mostrar alguma coisa na prateleira e eu bati os olhos nele. Nem acreditei quando vi. Um dos primeiros livros que li por conta própria na faculdade, e um dos que mais me marcaram. Muito comparado a “Vidas secas”, “Os magros” é um romance que tem luz própria, apesar de ser notável a influência de Graciliano. Quem quiser arriscar, aí vai o email da editora que recentemente o reeditou: littera.editores@gmail.com. É barato, o livro, 25 reais, mais alguma coisa de frete (a Littera fica em São Paulo). Quer dizer, nem sei se eles vendem assim, mas taí as informações para quem se interessar.
Comprei também mais um do Coetzee, “Vida e época de Michael K.“, e ensinei a pronúncia correta do nome dele ao atendente da livraria: “côutizee”. Ao menos foi assim que ele foi apresentado lá na Flip. Ah, foi ele que me perguntou como se pronunciava corretamente.
Trouxe também “A corrosão do caráter“, de Richard Sennett. Pelo visto, é daquele tipo de livro que você não conheceria se não “topasse” com ele. Li a orelha, gostei e peguei logo.
Até fiquei surpreso por não ter feito uma verdadeira festa…
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Essa ida às livrarias foi boa também pra eu perder a vontade de comprar alguns livros. “Questão de ênfase“, de Susan Sontag, por exemplo, que eu quase comprei num dia mais empolgado, não é o que eu pensava. Nem “Variedades“, de Valéry.
E outra coisa: posso estar enganado, mas me parece que, nas grandes livrarias, o contato com o cliente é uma coisa muito rápida, automática. E eu não gosto disso. Acho legal a conversa, o indicar um livro e a pessoa saber indicar. Mais que isso: gostar de trabalhar com livros, gostar de literatura. Longe de mim criticar quem trabalha por necessidade, não é isso. Mas, sei lá, enfim, xá pra lá…