Sábado uma garota perguntou se tínhamos “Laços de família” na livraria. De imediato lembrei da novela de mesmo nome, de Manuel Carlos, que há alguns anos ocupou o horário nobre da tevê Globo. Sem pestanejar, com aquele ar de quem tudo sabe, fuzilei: “de Manoel Carlos?”.
Talvez para não ser indelicada comigo, ela respondeu que não lembrava o nome do autor. A caminho do computador para consultar se havia o livro no estoque, fui me sentindo mais idiota a cada passo que dava. Quando digitei o título e vi o nome de Clarice Lispector depois de apertar “enter”, reconheci minha clamorosa falha: “nossa, é da Clarice, como é que fui esquecer?” A garota, talvez para ser mais uma vez gentil, disse a mesma coisa.
Não comentei mais aqui, mas até que estamos vendendo um pouquinho mais de literatura, ultimamente. Também no sábado, uma outra garota entrou querendo comprar algum livro de Mario Quintana, mas que fosse de poesias. Como eu já tinha folheado “Da preguiça como método de trabalho“, sugeri-ô-ô, frisando que era prosa. Ela deu uma olhadinha e acabou levando.
Outros livros que foram vendidos recentemente – ambos sem a interferência de nenhum vendedor, infelizmente – foram “Moby Dick” (edição nova da Cosac) e “Divina Comédia” (a caixa da Editora 34).
Há um exemplar de “O som e a fúria” dando sopa por lá, espero que saia logo. Chegaram uns livros do Bioy Casares, espero que alguma boa alma os compre. Coisa fina, de primeira, mas não são pro meu bico – ainda. A literatura argentina, na minha opinião, é como um sanguessuga, se você não tomar cuidado. Você, no caso, leitor que deseja se tornar escritor. A tentação de imitar os argentinos é enorme. Então, ao menos antes de você decidir que caminho ficcional trilhar, é bom evitar os hermanos. Ler um ou outro, de vez em quando, é bom. Mas ler vários, em curtos espaços de tempo, não aconselho.
Mas quem sou eu pra aconselhar, ein? Troquei Lispector por Carlos…
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