Meses atrás escrevi aqui sobre as dificuldades de criar/manter um cachorro. Ao menos quando seu cão é um daqueles endiabrados, tipo o Marley de “Marley e eu”.
O tempo passou e minha cachorrinha, que leva o nome de Hannah, com esse “h” aí no final, como a Arendt, continua quase a mesma. A diferença é no peso – está maior e mais gordinha, precisando perder uns quilos, inclusive -, menos destruidora e cada vez mais bonita.
Agora há pouco fui devolver uns DVDs e levei-a junto comigo. Sempre que vou lá o pessoal pergunta por ela. E quando a levo, todo mundo quer fazer carinho etc. e tal. Ela continua arranhando todo mundo e pulando em cima de quem dá ousadia a ela, mas agora já não derruba as caixas das prateleiras nem os “totens” de filmes. Fica deitada, quietinha, esperando eu terminar a devolução ou locação.
A questão, hoje, é que os filmes estavam atrasados. Dois deles deveriam ter sido devolvidos ontem, e um outro deveria ter sido devolvido há uns 4 dias. Na hora de cobrar, quase nada de multa. É aí que entra o fator Hannah, penso.
Ela já aprontou tanto por lá, a gente conta tanta história dela, que o pessoal acabou se afeiçando por ela, ou algo próximo disso. E, por tabela, fomos beneficiados, pois sempre que atrasamos na entrega de filmes as multas ou são irrisórias ou sequer são cobradas.
Semana passada também a levei comigo à locadora. Como tinha muita gente lá dentro, fiquei do lado de fora, num banquinho, esperando os clientes saírem – se entrasse com ela seria realmente muito complicado. Um dos clientes saiu e puxou conversa, disse que ela é linda; depois, um dos donos da locadora se aproximou e entrou na conversa, fez carinho; em seguida, uma senhora que imagino ser parente dele, porque sempre está lá, veio “conversar” com Hannah. A locadora ficou vazia e a gente lá, batendo papo, contando as histórias de Hannah. Só não esqueci de devolver os filmes porque não tinha mesmo como.
Ser dono de cachorro tem dessas.