“Acreditava que seu grande erro fora ter ingressado no chamado serviço público, o que significara para ele nada menos que sua destruição sistemática – primeiro, a destruição intelectual e, por fim, também a destruição física. Quem entra para o serviço público, disse-nos ele, por qualquer razão que seja e em que cargo for, é destruído e aniquilado. (…) O serviço público aniquila todo aquele que nele ingressa. No Estado, pouco importa a que senhor se pretenda servir: será sempre o senhor errado.”
Trechos do conto “Serviço público”, de Thomas Bernhard, no livro “O imitador de vozes“. A História prova que a situação não é tão trágica como Bernhard a descreve – vide o sem número de grandes escritores brasileiros que foram servidores públicos. Mas, na época deles, ao menos até onde sei, não era nada difícil bater o ponto, deixar o paletó na cadeira e pular fora do trabalho. Minha experiência pessoal prova que, além de hoje não dar mais para fazer isso, a aniquilação e a destruição são temores que devem ser levados a sério.
Não que eu pregue a fuga do trabalho, longe disso. É só uma observação.
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