Resposta do Senador Arthur Virgílio

Semanas atrás, quando daquela ridícula sessão do Senado em que Renan Calheiros quebrou o decoro parlamentar e xingou o senador Tasso Jereissati de “cangaceiro de merda”, e acusaram o senador Arthur Virgílio de uma série de coisas, enviei um email a estes dois últimos, demonstrando indignação em relação à atitude de moleque de Calheiros, ao xingar Jereissati fora do microfone, e enviando palavras de apoio ao senador Virgílio, para que ele possa provar o que deve e se redimir dos erros que eventualmente tenha cometido. Assim como eu, várias pessoas enviaram mensagens ao senador. Ele – ou sua assessoria -, por sua vez, escreveu um comunicado e enviou a todos os que lhe enviaram e-mails. Por de certa forma admirar o senador Virgílio – apesar de já ter discordado dele várias vezes -, reproduzo aqui no blog a resposta, para que qualquer interessado possa ler.

As acusações que caem sobre Virgílio são, claro, para tirar um pouco o foco do festival de roubalheira e tráfico de influência promovidos por Sarney. É óbvio que o senador Arthur Virgílio não é nenhum santo e errou. Essas falhas dele, inclusive, não devem ser as únicas, e não devemos fechar os olhos para elas. Mas o fato é que o golpe desferido contra ele foi meramente por conta da situação ridícula e constrangedora em que se encontra o talvez maior pilantra brasileiro vivo, José Sarney.

Enquanto gasta-se tempo apurando e noticiando falhas isoladas de Virgílio, perde-se um pouco da atenção que deveria estar totalmente voltada para Sarney e seus capangas – uma força-tarefa foi organizada para defendê-lo e apoiá-lo, tendo inclusive a participação de ilustres “bastiões da honestidade e da ética”, como a senadora Ideli Salvatti e o senador Delcídio Amaral, cachorrinhos obedientes do barbudo mais picareta da nossa história recente, o Lula.

Então, meus caros, fiquem ligados. Na próxima eleição, não votem em quem está apoiando Sarney. Nós podemos, pelas urnas, expulsá-lo da vida política. E o mesmo devemos fazer com todos os que o estão apoiando neste momento, tentando esconder toda a sujeira que ele tenta varrer para debaixo do bigode. Não votem no PT nas próximas eleições. Não permitam que Calheiros, Salvattis e cia possam continuar protegendo seres abomináveis como Sarney.

Enfim. Fiquem agora com o senador Arthur Virgílio.

P.S.: Quase esqueço de lembrar: Arthur Virgílio é um dos raros senadores que não utilizaram a verba indenizatória ainda este ano. Já Delcídio Amaral vem usando até o talo…

Caros Internautas,

Emociono-me e sinto-me confortado ao ler a pilha de milhares de e-mails que chegam ao meu Gabinete todos os dias, a maioria esmagadora compreendendo minha conduta e condenando, com muita força, muita indignação, a retaliação de que fui alvo por ter, desde o início – e até como voz quase isolada – exigido a apuração de irregularidades e ilegalidades ocorridas no Senado e a punição dos culpados.

Quem acompanha minha atuação sabe que fui o primeiro, quando da eleição da Mesa da Casa, no início de fevereiro, a pedir a demissão do então diretor-geral, Sr. Agaciel Maia. Apoiamos, nós do PSDB, a candidatura do digno petista Senador Tião Viana porque ele firmou compromisso com a bancada tucana de fazer a necessária reforma administrativa no Senado, e porque sabíamos – disse isso em plenário – que o Senador José Sarney não mexeria na Diretoria-Geral. Só afastou o Sr. Agaciel depois das graves denúncias trazidas pela imprensa e das cobranças que fiz.

Passei a reclamar não somente seu afastamento do cargo, mas sua demissão a bem do serviço público, assim como a do outro ex-diretor (Recursos Humanos), Sr. João Carlos Zoghbi, o que montou empresas de fachada para intermediar empréstimos consignados na Casa.

Depois, quando começaram a surgir denúncias envolvendo o próprio presidente da Casa, Senador José Sarney, pedi, primeiro, que ele se afastasse temporariamente do cargo para permitir isenção nas apurações, e, depois, o denunciei ao Conselho de Ética, para que fossem tomadas as devidas providências.

Não me moveu nenhum motivo pessoal, mas simplesmente a necessidade de resguardar uma instituição tão importante para a Democracia quanto o Senado.

Com isso, despertei a ira de toda essa gente, dessa verdadeira máfia. Passei a ser alvo de tentativas de chantagem e de ameaças, que foram se corporificando na divulgação de erros e equívocos em que também incorri – porque fazia parte de uma não mais admissível “cultura” da Casa – e terminaram pela vingança de representarem contra mim no Conselho de Ética.

Muitos, sob o temor da chantagem e das ameaças, silenciaram. Eu não! Assumi a responsabilidade por ter autorizado um funcionário do meu Gabinete a fazer curso no exterior e, mesmo sem ser cobrado, estou, por ditame de consciência, ressarcindo o Senado dos valores a ele pagos. Disseram que, por ter admitido o erro, tornei-me réu confesso. Se é assim, sou réu confesso mesmo. Não faço parte do clube da mentira, não alego que não sabia nem passo a terceiros responsabilidade que é minha. Não roubei, não desviei recursos da Casa, não passei para o bolso nenhum centavo público. Por isso, não me calo sob essa ou outras ameaças. Continuo exigindo a punição de quem cometeu gravíssimas irregularidades, a reforma na administração e nos costumes do Senado, enfim, limpeza geral na Casa, custe o que custar, doa a quem doer. Estou ao lado da imensa maioria dos brasileiros que não aceita mais uma instituição parlamentar presa ao passado, a antigas oligarquias.

Li emocionado mesmo, como disse, as mensagens de apoio e incentivo que recebi. Vi que homens e mulheres de todo o Brasil compreenderam que, apesar de haver incorrido também numa prática não mais cabível no Senado de hoje, tive a hombridade de por ela me penitenciar e não me deixar abater pelas ameaças e vendetas de quem está do outro lado. A Nação sabe bem quem está de um lado e de outro.

Aos que me escrevem com críticas, as acato democraticamente e aos que me enviaram sugestões, agradeço e parabenizo a intenção cívica de colaborar com um Senado melhor, mais transparente movido pelo mais autêntico espírito público.

Gostaria de responder às mensagens, uma a uma, mas isso não é possível. Por isso, a todos o meu MUITO OBRIGADO!

Continuarei na luta!

Cordialmente,
Senador Arthur Virgílio

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