* Postado no Digestivo
Na introdução de O culto do amador, Andrew Keen faz referência ao “teorema do macaco infinito”, de T.H. Huxley (avô de Aldous):
“Segundo a teoria de Huxley, se fornecermos a um número infinito de macacos um número infinito de máquinas de escrever, alguns macacos em algum lugar vão acabar criando uma obra-prima ? uma peça de Shakespeare, um diálogo de Platão ou um tratado econômico de Adam Smith.”
É só a deixa para, algumas linhas depois, dizer que:
“A tecnologia de hoje vincula todos aqueles macacos a todas aquelas máquinas de escrever. Com a diferença de que em nosso mundo Web 2.0 as máquinas de escrever não são mais máquinas de escrever, e sim computadores pessoais conectados em rede, e os macacos não são exatamente macacos, mas usuários da internet. E em vez de criarem obras-primas, esses milhões e milhões de macacos exuberantes ? muitos sem mais talento nas artes criativas que nossos primos primatas ? estão criando uma interminável floresta de mediocridade.”
Seguindo a lógica de Keen, o Estadão e eu temos razão. Agora me pergunto se os macacos, digo, blogueiros, vão a) fazer máscaras com o rosto de Keen para a próxima Campus Party; b) postar fotos dele com bigode e chifrinho em seus blogs; ou c) começar a chamá-lo de “Keenossauro”.
Espero que nenhuma dessas opções. Uma discussão adulta e sensata sobre os pontos que O culto do amador aborda é necessária, ainda mais porque o próprio Keen parece não ter grandes esperanças no futuro:
“Diga adeus aos especialistas e guardiões da cultura de hoje ? nossos repórteres, nossos âncoras, editores, gravadoras e estúdios de cinema de Hollywood. No atual culto do amador, os macacos é que dirigem o espetáculo. Com suas infinitas máquinas de escrever, estão escrevendo o futuro. E talvez não gostemos do que ele diz.”
Eu não quero viver num planeta de macacos. Você quer?
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