O último livro do ano

Gosto de ter certos costumes, manias, rotinas. Ontem, 31/12, dei prosseguimento ao que quero transformar em uma espécie de tradição. Todo dia 31 de dezembro, comprarei um livro. Não há um motivo especial para isso, apenas deu na telha fazer isso.

Em 2005 eu comprei um que até hoje me arrependo. Ano passado comprei “O último leitor”, de Ricardo Piglia. Ontem foi a vez de trazer pra casa “Borges Sabato – Diálogos“, que reúne uma série de conversas entre os escritores argentinos Jorge Luis Borges e Ernesto Sabato. Procurando referências na rede, encontrei esta excelente entrevista com o organizador do livro, Orlando Barone.

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Faz alguns dias que assisti o dvd “U2 PopMart – Live from Mexico City“, que Cássia me deu de Natal, show do U2 gravado durante a turnê PopMart, no fim de 1997. Procurando maiores informações sobre o show e a turnê, li que houve alguns contratempos, digamos assim, durante ela. O álbum em foco, na época, é o controverso “Pop”, que muita gente considera como sendo o pior disco que o U2 já fez. Pela lista de músicas do álbum, não dá pra dizer isso. Muito pelo contrário. Mas uma coisa é você ouvir as músicas ao vivo, outra coisa é ouvir o que foi gravado em estúdio. O próprio Bono já declarou que gostaria de voltar a trabalhar no álbum e relançá-lo, porque “Pop” foi gravado às pressas, com a banda sob muita pressão e tal. Sobre o show no México, só posso dizer que é uma beleza. Bono erra algumas vezes, e é até divertido. O show passa uma ótima vibração. E há ainda algo que eu não havia visto: The Edge cantando, sozinho, apenas voz e guitarra, “Sunday Bloody Sunday”.

Ontem eu assisti de novo, e gostei mais ainda do show. Estou ouvindo aqui o áudio dele no pc, enquanto digito este post. “Last night on Earth” é, para mim, a melhor performance do show, com Bono falando, antes de iniciar a canção: “quando procurei espíritos, encontrei álcool; quando procurei almas, encontrei estilos; eu quis conhecer Deus, me venderam religião”.

You gotta give it away, baby.

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Ok, estamos em 2008. Ontem trabalhei pela manhã e, depois de sair, fui para a livraria, cumprimentar o pessoal e comprar o livro. Acabei conversando por um bom tempo com um dos donos de lá, sobre o ano novo e assuntos outros que foram surgindo. Fiquei preocupado com uma coisa: estou tendo uma certa dificuldade em iniciar uma conversa decente. Eu me distraio facilmente, estou gaguejando mais do que deveria e falando rápido demais – é o que causa os gaguejos, acho.

Mas o importante é que, durante a conversa, chegamos a uma conclusão óbvia, mas tão óbvia, que chega a ser idiota, de tão óbvia, ingênua e correta: tudo seria bem melhor se um ser humano respeitasse o outro. Simples assim, em uma palavra apenas: respeito. Não precisa ninguém amar ninguém, não precisa ninguém fazer caridade, não precisa ninguém salvar o mundo. Se todos respeitassem a todos e a tudo, o mundo seria um lugar decente, e não essa merda que vemos hoje.

Na volta pra casa pensei no tanto de clientes que eu atendo e afirmam, numa boa, mas falando bem baixinho, que fazem o possível para não declarar imposto de renda. Isso é uma falta de respeito com as leis, com o País e com aqueles que poderiam ser beneficiados com o dinheiro que seria arrecadado deles (isso se o governo não desviasse uma parte considerável da grana que entra nos cofres públicos). Mas, por sua vez, o governo não faz bom uso do dinheiro arrecadado e, se for pra financiar mais corrupção, melhor mesmo que a arrecadação não seja maior ainda do que já é.

Pensei também no quão sacanas são os políticos. Ou 95% deles. Pensei na reforma tributária e na reforma da previdência, que o Lula prometeu fazer. Pensei no quão terríveis têm sido algumas de suas decisões e posturas. Estou quase me arrependendo de ter votado nele, no segundo turno. Lembrando que, no primeiro turno, meu voto foi do Cristovam.

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Bom, começando de novo: ok, estamos em 2008. 2007 foi um excelente ano para mim. Digo, foi um ótimo ano. Excelente seria se eu não tivesse feito uma ou outra besteira durante ele. Mas é errando que se aprende. Creio que não vá fazer uma retrospectiva aqui. Nem falarei de planos para 2008. Porque meus planos são para o resto de minha vida. O ano novo é tão somente uma conseqüência do ano que acabou e um antes do ano que virá. É bom renovar forças e esperanças, mas as minhas sempre estão sendo renovadas, diariamente. As esperanças. As forças, nem tanto, por conta do trabalho. Mas umas duas boas noites de sono ajudam bastante.

Um bom ano novo para todos vocês, e que as coisas melhorem, sempre, com a graça de Deus.

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