Eleições 2010

A coisa está feia. Não é preciso ser um expert em política para saber que o PSDB não tem um candidato capaz de derrotar o governo Lula – sim, porque não importa o candidato do PT em 2010; ele será “o candidato do governo”. Ou seja: a oposição não vai enfrentar um adversário, vai enfrentar a popularidade estrondosa de Lula e seus oito anos de governo que, apesar dos pesares, tem sido um “bom” governo.

“Bom” entre aspas porque poderiam ter feito tudo o que fizeram duas vezes mais e melhor, no mínimo. Mas, ainda assim, levando-se em conta os oito anos anteriores, o saldo é positivo. Não por competência dos que agora estão no poder, mas sim pela incompetência dos que estiveram antes.

O PT, por outro lado, já está em campanha. Dilma Rousseff é a escolhida para suceder Lula, e quem achar que o governo não está usando a máquina administrativa para aproximar Dilma do povão está muito enganado. Ou é petista. Ou é cego. Ou é doente da cabeça. Quem tem alguma dúvida disso pode ver a ministra da Casa Civil chamando de comício um evento do PAC:

Então, é ridículo o próprio Lula negar tais acusações. Como está na cara que Dilma é a candidata, o mínimo que poderia ser feito era não permitir que ela aparecesse em inaugurações de obras do PAC. Por mais que ela seja a gerente do programa e todas essas desculpas esfarrapadas que o PT está dando. Trata-se de uma questão de ética. Mas, como todos nós sabemos, o PT jogou a ética no lixo faz tempo. Eles cortaram essa palavra do dicionário deles.

Comento isso agora porque acho a situação política brasileira preocupante. Você pode dizer que preocupante ela sempre foi, mas não estou me refirindo à corrupção, aos escândalos, à negligência do Estado etc. Me refiro especificamente à falta de opções. Não temos, hoje, nenhum político digno de concorrer à presidência da república com um apoio maciço da população brasileira. O último político que possuiu esse apoio foi Lula, e ele não pode concorrer a um terceiro mandato. Além do que, depois destes oito anos de poder, dizer que ele seria digno do cargo parece uma piada.

Encontrar algum político imune a acusações de corrupção e ilegalidades é uma missão que nem o Sherlock Holmes conseguiria honrar. Os raros casos de honestidade não têm tutano para assumir a presidência. São homens que, infelizmente, preferem estar nos bastidores, até mesmo por uma incapacidade de liderar. Não que a incapacidade de liderar seja um defeito. Acontece apenas de ser uma pena justamente esse inaptos a cargos de liderança serem os mais honestos. A liderança não é, infelizmente, uma característica intrínseca às pessoas sinceras, honradas, honestas e justas . Basta ver o último presidente dos Estados Unidos e o nosso atual presidente. Basta ver a maioria dos prefeitos e governadores deste país. Basta olhar para Brasília. Ser um líder exige uma segurança, uma firmeza, uma clareza de ideias e um pulso firme que políticos honestos não têm. É bem possível que você conheça pessoas assim, mas elas não estão na política, para a nossa infelicidade. Ser um líder, hoje, apesar das empresas privadas e da auto-ajuda empresarial, significa ser vil, mentiroso, desleal e injusto.

É por tudo isso que a próxima eleição presidencial tem tudo para ser a mais chata de todos os tempos. O PT vai ganhar com um pé nas costas e os braços amarrados. A não ser que apareça um “Collor” de repente, mas isso não vai acontecer. O que talvez até fosse bom, para dar uma sacudida no cenário político.

Há ainda sobre os nossos ombros o peso dos anos de ditadura. Há ainda no governo e na oposição pessoas que apoiaram os militares e pessoas que fizeram o possível e o impossível para lutar contra o regime. Enquanto essas pessoas não descansarem a sete palmos do chão, a nossa política e o nosso país continuarão do mesmo jeito. Enquanto uma outra geração não assumir as rédas da nossa nação – e eu tinha a esperança de que a minha geração faria isso -, a situação continuará como está. Com algumas melhoras, mas tudo a passo de tartaruga e muito pontual. Afinal, a segurança pública e os sistemas públicos de saúde e educação estão um caos. E este governo pouco fez para melhorá-los. O anterior, mesmo com todos os defeitos, fez muito mais pela educação e pela saúde, por exemplo.

Talvez o problema seja o fato de as disputas políticas aqui parecem mais uma luta do bem contra o mal, onde não há vencedores e só um vencido: o Brasil. É necessário fazer uma unificação de ideias e objetivos visando unicamente o progresso do país, e acredito seriamente que isso não será realizado nem agora nem nos próximos vinte anos. É só um chute, mas temo estar correto.

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