Durante o Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura, em São Francisco Xavier, interior de SP, Moacyr Scliar disse – o trecho a seguir é do release com o resumo de uma das mesas – “que é possível distinguir um livro bom de um ruim pela quantidade de diálogos. Scliar afirmou que os diálogos empobrecem o texto, são uma forma de o autor ‘encher lingüiça’ e ‘aumentar o tamanho e o preço do livro’, principalmente falando dos best-sellers americanos.”
Não vou aqui questionar a afirmação de Scliar, que, depois de Mário Prata se manifestar contra essa assertiva, até esclareu o seu comentário, fazendo – outro trecho do release – “uma ressalva para bons escritores como (…) Nelson Rodrigues e o dramaturgo inglês William Shakespeare. ‘Na mão deles, os diálogos são a expressão legítima do sentimento humano’.”
O que quero dizer, pegando esse gancho do Scliar, é o seguinte: se o Scliar fala um troço qualquer, quem replica é o Mário Prata ou algum outro escritor de respeito. E a réplica é quase sempre feita num tom cordial, educado. Já quando eu, que sou um zé ninguém, falo que posso distinguir um livro bom de um livro ruim, deixando implícito que li o livro ou ao menos boa parte dele, a chuva de réplicas vem de caras que não conheço, nunca vi e que se acham no direito de me xingar, serem grossos ou fazer piadinhas comigo e com o que eu disse.
Só não digo que isso é broxante porque é algo temporário. Daqui a alguns anos, o nível dos meus replicadores será mais elevado, certamente.
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