Como se começa um romance

“O telefone ricocheteando pelas paredes do apartamento, muito súbito e sério, com o castigo deste seu grito estridente, que ele repete obstinado, e repete, acaba esmagando meus nervos. Minha mão para, atenta, e de minha boca entreaberta escorre um fio branco de pasta e baba, que a água da torneira carrega para o ralo da pia. É uma sangria, uma vida que se esvai para fora do tempo. Em geral o telefone não aborrece, instrumento de trabalho, mas domingo de manhã, quando estou escovando os dentes e tenho de fazer um bochecho rápido para ver quem, no mundo, já está acordado, sinto uma dor que me sobre pela coluna, dor fria que acaba com meu bom humor.”

Assim começa o romance “Moça com chapéu de palha“, de Menalton Braff, que recebi hoje pelo correio. De Menalton eu já li um livro de contos, “A coleira no pescoço”, um dos melhores livros que li nos últimos anos. Dele tenho também os romances “A muralha de Adriano” e “Na teia do sol”, os quais devo ler depois de “Moça com chapéu de palha”, cujo primeiro capítulo a editora Língua Geral disponibilizou em PDF.

This entry was posted in Citações, Literatura, Livros. Bookmark the permalink. Post a comment or leave a trackback: Trackback URL.

Post a Comment

Your email is never published nor shared. Required fields are marked *

You may use these HTML tags and attributes <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*
*