Battle Studies, de John Mayer

Se por um lado alguns artistas fazem estreias promissoras mas depois não conseguem fazer jus às expectativas, outros vão aprimorando suas habilidades com o passar do tempo, fazendo com que cada trabalho lançado seja melhor que o anterior.

A banda australiana Jet, por exemplo. O primeiro disco do grupo, “Get born”, lançado em 2003, é brilhante. Um dos melhores discos de rock dos últimos anos. Mas o segundo, “Shine On”, de 2006, não conseguiu sequer chegar ao mesmo nível do anterior, apesar de se um bom álbum. O terceiro, “Shaka rock” (2009), tem poucos bons momentos. O que é uma pena, porque a banda que fez “Get Born” merecia ter uma sorte melhor.

O caso de John Mayer é diferente. Com o passar dos anos seus discos foram ficando cada vez melhores. Ele estreou com “Room for squares” (2001), e nele já demonstrava ser um músico de qualidade, mas o álbum é pop demais, “limpinho” demais. Seu sucessor, “Heavier things” (2003), é muito melhor. Continua pop, mas sai da mesmice de ritmos que domina “Room for squares”. É um disco bem mais ousado e mais bem elaborado. Talvez seja ele o divisor de águas na carreira do cantor, e não “Try!” (2005), como muitos preferem dizer, por conta de nele Mayer ter mudado completamente de gênero, navegando nas águas do blues e do rock.

“Continuum”, de 2006, trouxe um pouco do que estava mais presente nos três discos anteriores, mas a presença algumas melodias, como dizer…, repetitivas, sem graça, herança de “Room for squares”, deixou o álbum muito irregular. Em certos momentos “Continuum” é entediante.

Mas eis que ele realiza “Battle Studies” (2009). Um grande disco, o melhor de John Mayer até aqui. As duas primeiras músicas são dois petardos para corações amargurados. “Heartbreak warfare”, que abre o álbum, tem dois versos simples mas que, dentro do contexto da letra, são extremamente tristes: “If you want more love,/ why don’t you say so?” (“Se você quer mais amor,/ por que não diz, então?”). “All we ever do is say goodbye”, que vem em seguida, tem versos como “Why you wanna break my heart again?/ Why am I gonna let you try?” (“Por que você quer destruir meu coração de novo?/ Por que eu vou deixar você tentar?”) e “I love you more than songs can say/ But I can’t keep running after yesterday” (“Eu te amo mais do que canções podem dizer/ Mas não posso continuar correndo atrás do passado”).

As três músicas que vêm depois, “Half of my heart”, “Who says” e “Perfectly lonely”, são quase que odes à solitude, principalmente a última, que no refrão diz “I’m perfectly lonely/ Cause I don’t belong to anyone/ Nobody belongs to me” (“Estou perfeitamente sozinho/ Porque eu não pertenço a ninguém/ E ninguém me pertence”). O disco segue com a soturna “Assassin”, a suingada “Crossroads” e a singela “War of my life”. Depois, vem a trinca final, composta pela dolorosa “Edge of desire”, uma das melhores canções de John Mayer; “Do you know me”, que é simples, tranquila, mas também bela; e “Friends, lovers or nothing”, que só não fecha o disco com chave de ouro porque “Edge of desire” seria a canção perfeita para encerrá-lo, mas é também uma excelente música, com a única ressalva de que sua melodia é bem superior à letra.

Pra fechar a conta: se alguém tinha dúvidas em relação à competência de John Mayer, “Battle Studies” encerra a questão. Ele é certamente um dos melhores cantores de sua geração (rimou!).

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