Aos que renegam o passado

Querer ignorar, substituir ou menosprezar o passado é burrice. Principalmente se formos falar em literatura.

Não posso falar pelo resto do mundo, mas ao menos aqui no Brasil, a quantidade de escritores, críticos e leitores que simplesmente esquecem livros e autores de mais de três décadas atrás é assustadora. Professores tentam, em vão, obrigar seus alunos a lerem José de Alencar, Machado de Assis, Raul Pompéia, Jorge Amado etc. Talvez Drummond e Clarice se salvem, mas qualquer coisa antes deles gera uma espécie de trauma nos estudantes, que passam a ter asco de qualquer autor que não seja blogueiro e não fale de sexo, drogas e rock’n’roll.

Mas se fossem apenas os jovens, tudo bem. O pior é que os próprios escritores renegam os clássicos. Você não vê um autor contemporâneo dizendo que tem influência de Machado. Nenhum deles leu Alencar e malmente sabem quem é Raul Pompéia.

Se formos falar em poesia, pior ainda. São batidas as referências. Porque existem os clássicos pop, como Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Pablo Neruda, Drummond e por aí vai. Difícil ver alguém dizer que leu Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac.

Entendam: não estou pregando aqui que devemos todos correr para as bibliotecas, procurar pelos livros de páginas mais amarelas e empoeiradas e começar a lê-los. Nem que deixemos de ler os autores modernos, contemporâneos. Quem acompanha este blog e meus textos sabe que leio bastante coisa nova. Mas nem por isso esqueço quem já passou e fez história.

É triste ver a obra de determinados autores ficar restrita a leituras obrigatórias no colégio e a questões de vestibular. Principalmente autores como alguns dos que citei aqui. Mais triste ainda é ver autores contemporâneos que escrevem nada com coisa nenhuma serem incensados a promessas, revelações e indispensáveis.

This entry was posted in Literatura. Bookmark the permalink. Post a comment or leave a trackback: Trackback URL.

3 Comments