O escritor uruguaio Mario Benedetti faleceu ontem, domingo, depois de ser internado quatro vezes desde o início de 2008 pra cá..
Dele eu só tenho “A trégua“, romance lançado pela Alfaguara em 2007 que Cássia me deu de presente em junho daquele ano. Levei o livro comigo para a Flip no mês seguinte e comecei a lê-lo no vôo de ida para São Paulo. Pensei que ia terminar a leitura em Parati, mas não deu. É que ele fazia com que a saudade que eu sentia dela se tornasse ainda mais aguda – não pude suportar muitas páginas.
Depois, não sei por que, deixei-o de lado. Ontem, ao saber de sua morte, me senti um tanto arrependido de não tê-lo lido ainda. Erro que vou reparar em breve – ao menos espero.
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Vai soar meio insensível, mas a morte de Mario Benedetti me fez pensar no mercado editorial brasileiro. Às vezes reclamamos que as editoras só editam porcarias etc., e esquecemos de olhar o lado bom da coisa. Nos últimos anos, a obra de Benedetti, por exemplo, tem sido bem editada pela Alfaguara, que de 2007 pra cá colocou no mercado os romances “A trégua” e “Primavera num espelho partido” e o livro de contos “Correio do tempo“. A Record editou, em 2007, a novela “Quem de nós“. A L&PM, ano passado, editou uma versão de bolso de “A trégua“. Apesar de a obra de Benedetti ser bem mais extensa que isso, estamos bem servidos, até porque ainda há mais dois livros dele disponíveis nas livrarias e é possível encontrar um outro em sebos. Bem melhor que deixá-lo passar despercebido.
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As editoras precisam lucrar, elas são empresas, não são ONGs. Não dá pra fazer caridade e publicar qualquer bobagem escrita por alguém que se acha escritor. Na medida do possível, elas publicam obras de qualidade – tanto brasileiras quanto estrangeiras – e se elas não vendem bem não é culpa das editoras. É culpa dos leitores, que preferem ler besteiras – ou não têm capacidade intelectual para ler algo mais refinado. Ah, e é culpa também do governo, que não dá educação de qualidade para a população menos favorecida financeiramente – ou sequer a oportunidade de que essas pessoas possam ter alguma educação.
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Mario Benedetti é apenas um dos casos de escritores que por certo não vendem muito mas que as editoras têm em alta conta e fazem questão de publicar. Outro exemplo é Louis Begley, que teve o romance “Questões de honra” publicado recentemente pela Companhia das Letras (assim como sete outros livros). Ou ainda Dave Eggers, também recentemente publicado pela Companhia das Letras (ele tem mais dois livros publicados pela Rocco). E Jonathan Coe, que em breve estará nas livrarias com “Chuva antes de cair” (ele tem mais quatro romances publicados aqui, todos pela Record), só para citar mais três casos.
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Sobre os livros de Mario Benedetti, leiam este post do jornalista Rodrigo Vianna, que recentemente descobriu a obra do uruguaio e gostou bastante.
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