Lendo “De paixões e de vampiros“, romance de Ruy Espinheira Filho, lembrei muito de Fernando Sabino. Primeiro porque ri bastante durante a leitura, e só mesmo lendo Fernando Sabino é que rio bastante. Segundo porque um dos personagems de “De paixões…” é um maluquinho que pensa ser um jipe, sendo justamente este o “nome” do personagem: Jipe. E esse personagem me lembrou Geraldo Viramundo, de “O grande mentecapto“, romance importantíssimo de Sabino.
Depois de terminada a leitura, resolvi fazer algumas perguntas a Ruy Espinheira Filho, por email. Escrevi uma resenha do livro e ela deve ser publicada, junto com as perguntas, daqui a algum tempinho. Mas sobrou uma perguntinha que foi só mesmo uma curiosidade minha e, como ela não vai aparecer na entrevista, coloco aqui:
Lendo o seu romance me veio a lembrança de “O grande mentecapto”, de Fernando Sabino. Cheguei a pensar que tanto você poderia ter escrito o livro dele quanto ele poderia ter escrito o seu. Você lê ou leu os livros do Sabino? Tem alguma aproximação com a obra dele?
Lembro que li “O grande mentecapto”, mas dele não guardo quase nada. Valerá a pena relê-lo, já que você viu semelhança em meu livro. O crítico Wilson Martins aproximou o “De paixões…” de “Vila dos Confins“, do Mário Palmério, e o humor ao de Eça de Queiroz. Quanto ao Sabino, gosto mais dele em algumas crônicas e, principalmente, em “O encontro marcado”.
Recentemente li algumas coisas de Eça de Queirós e, sinceramente, sou mais Ruy Espinheira. No mais, Wilson Martins, maior crítico literário brasileiro vivo, disse que “De paixões e de vampiros” é uma “pequena obra-prima”. Enquanto lia, eu pensava “caramba, isso é uma obra-prima!”, mas é complicado um cara jovem abrir a boca para falar isso de um livro lançado há pouco tempo. Como WM já falou, posso então dizer: “De paixões e de vampiros” é mesmo uma obra-prima, no sentido de que é um livro belíssimo e de qualidade ímpar. É um romance leve, de leitura fácil, coisas que não impedem de torná-lo importante, pois é um romance de formação que em nada deve a outros. Talvez seu “defeito” seja apenas o de ser curto – talvez por isso o “pequena” de Wilson Martins. Quem estiver à procura de um livro bom e divertido para ler, recomendo veementemente “De paixões e de vampiros”.
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Já depois de ter escrito a resenha e enviado as perguntas, Ruy Espinheira Filho perguntou se eu já tinha “Um rio corre na lua“, romance lançado em 2007. Eu disse que não e ele me enviou um exemplar autografado. Ah! As satisfações de ser um resenhista! (Tem os dissabores também, mas quem quer saber deles?)
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Falando nisso, lembram daquele negócio de ler livro ruim? Tô fora. Ao menos por enquanto. Estou meio que de repouso desde quinta-feira e de lá pra cá li “A resistência“, de Ernesto Sabato, e estou mais perto do fim que do começo de “Porque ela pode“, de Bridie Clark. Ambos muito bons, o primeiro “sério”, o segundo “divertido”. Sendo que este último está me surpreendendo. A autora deu aos capítulos do livro títulos de algumas obras monumentais da literatura, como “Grandes esperanças” e “Um conto de duas cidades”, de Charles Dickens; “Este lado do paraíso”, de Fitzgerald; “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Márquez, entre outras. Coisa semelhante fez Marisha Pessl em seu “Tópicos especiais em física das calamidades”. Pretensiosas, elas? Podem até ser. Mas, no caso de Bridie Clark, a pretensão é recompensada pela boa qualidade literária de seu romance. (Não digo o mesmo de Marisha porque ainda não li seu livro.)
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O post era pra ser curto, mas eu falo demais.
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