Toni Platão – Negro amor

Os artistas brasileiros não deixam de produzir bons discos. Tirando uma ou outra banda que vacila, ou um ou outro cantor/cantora que não consegue manter a regularidade, sempre tem um lançamento que vale a pena comprar pra ouvir.

Los Hermanos (que acabou, apesar de eles e uma amiga dizerem que não), Skank, Pato Fú, Zeca Baleiro, o próprio Fagner, Cordel do Fogo Encantado, Gram, enfim, sempre tem alguém lançando alguma coisa muito boa.

Comprei ontem o cd mais recente do Toni Platão, que eu já conhecia de ouvir falar e ler alguma coisa sobre. O disco, com o título de “Negro amor“, não tem nenhuma composição do Toni, são releituras de músicas de outros artistas. E essas regravações, na voz de Toni Platão, ficaram muito, mas muito boas. Excelentes.

O disco é muito bem tocado, é muito bem produzido, é muito bem cuidado – o encarte é lindo -, e é muito bem interpretado. A voz de Toni Platão está ótima, um tanto rouca, mas no ponto certo.

Algumas músicas eu não conhecia – a maioria delas. Mas algumas outras são bem conhecidas de quem já curtiu uma fossa sentimental. Exemplos? “Impossível acreditar que perdi você“, de Marcio Greyck e Cobel (“Eu já não consigo mais viver dentro de mim/ e viver assim/ é quase morrer“), “E não vou mais deixar você tão só“, de Antonio Marcos (“Se na tua estrada não houve flor, foi só tristeza enfim/ e em cada dia sem ter amor foi tudo tão ruim/ vou confessar, então, meu coração não quer mais existir“) e “Negro amor“, (versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcante pra “It’s all over now, baby blue”, de Bob Dylan) que o Engenheiros do Hawaii também já regravou (no melhor disco da carreira deles, esgotado em tudo quanto é canto, infelizmente).

Mas são as músicas que eu não conhecia que me deixaram maravilhado. “Mares da Espanha“, de Ângela Ro Ro (“Loucura é loucura não me compreenda/ loucura é loucura pior é a emenda/ loucura é loucura não me repreenda/ eu amei demais“), “Movimento dos barcos“, de Jards Macalé e Capinam (“As coisas passando eu quero/ é passar com elas, eu quero/ e não deixar nada mais do que cinzas de um cigarro/ e a marca de um abraço no seu corpo/ não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando“), “Mammy Blue“, de Hubert Giraud e Phil Trim (“I may be your forgotten son/ who wandered off at twenty-one/ it’s sad to find myself at home without you“), e outras mais.

Sem contar a versão do Toni para “Without you”, de Tom Evans e Pete Ham (“Já que eu perdi você agora o que fazer, senão dizer/ eu não vivo, vivendo a sua falta/ eu não vivo, eu me sinto tão só“) e a versão de Miguel Oniga para “In my secret life“, de Leonard Cohen e Sharon Robinson (“Vou recobrar a ordem/ caminhar a noite inteira/ mergulhar no sol que sai/ cruzando a fronteira/ minha vida vai“).

O repeat está ligado. Resumindo: discaço.

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