Ayrton Senna da Silva, o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos – só aceito discutir isso se a outra opção for Juan Manuel Fangio -, faria hoje 50 anos se estivesse vivo. Estão sendo feitas uma série de homenagens ao Ayrton, tanto off quanto on-line. Uma delas é do Instituto Ayrton Senna, que colocou no ar o site Senna 50, que está dialogando com redes sociais – Twitter, Facebook etc. – e prestando uma bela homenagem.
Já falei sobre o Ayrton aqui no blog, por ocasião dos 15 anos do trágico acidente que tirou sua vida, em Ímola. Contei como foi minha reação ao acidente e tudo o que veio depois, naquele 1º de maio, mas não me ocorreu algo que pensei dias atrás: sou fã do Ayrton, ele é um dos meus ídolos, mas, apesar de ter sua biografia há anos, ainda não a li.
E daí que isso me levou a pensar na paradoxal relação que alguns de nós tem com seus ídolos, com as pessoas que admiramos de uma maneira exagerada, ou mesmo com as pessoas que amamos. Muitas vezes nós “ignoramos” os defeitos e erros dessas pessoas simplesmente porque nossa admiração por elas nos faz “relevar” até mesmo suas más atitudes. Preferimos até desconhecer certas coisas, para que não haja o risco de uma decepção – ou decepções – ir minando a admiração que temos por elas.
Não posso afirmar que seja exatamente isto o que me fez não ler ainda a biografia do Ayrton. Até porque não sei se é esse o caso. Que o Ayrton tinha seus defeitos, todo mundo sabe. Afinal, ele é humano. Mas se esses defeitos são tão grandes a ponto de fazer um fã incondicional “ignorar” a biografia dele, não sei dizer. Assim como a dele, não li a biografia de Nelson Rodrigues, outro que admiro demais, apesar de tê-la também há alguns anos. Mas tendo a achar que seja este o motivo: não querer pagar pra ver – no caso, ler pra saber.
Meses atrás, um amigo me confessou estar um tanto desapontado com certas descobertas que vinha fazendo, sobre pessoas que ele vinha pesquisando para uma biografia. Ele me disse que chegou num ponto em que não conseguia mais ir adiante. Decidiu interromper o projeto por algum tempo e depois retornar a ele. Complicado, não?
Acho que existe em nós a vontade de manter determinadas pessoas ou mesmo determinados acontecimentos numa espécie de redoma, longe de imperfeições. Algo ingênuo e ilusório, já que a realidade e os fatos sempre dão um jeito de se colocarem diante de nós.
A edição que tenho da biografia do Ayrton não me permite sair com ela em mãos. É um pouco grande, além de eu querer mantê-la bem conservada por um looongo tempo. Saiu recentemente uma edição “de bolso” dela. Acho que vou comprar, pra poder andar com o livro e, finalmente, me dedicar a lê-lo.
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É quase revoltante o fato de não haver no mercado um DVD sobre o Ayrton feito por brasileiros. A rede Globo tem um acervo incrível de imagens do Ayrton, tem acesso livre a pessoas que conviveram com ele, tem dinheiro de sobra pra fazer um DVD triplo, quádruplo, sei lá, uma caixa com 10 discos só de imagens, entrevistas, corridas marcantes etc., e, sabe-se lá por que, simplesmente não faz isso. Tem também a editora Globo, que poderia publicar um livro com imagens do Senna, depoimentos sobre ele, as frases dele, enfim, mas não o faz. Fico me perguntando o motivo, mas não consigo pensar em nenhuma resposta.
A única coisa que sei é que o Brasil esquece muito fácil de tudo o que deveria lembrar. É por isso que a política continua do jeito que está. Collor fez o que fez e foi eleito senador. Arruda fez o que fez e foi eleitor governador. É tudo muito triste.
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Mas ao menos no ano passado saíram dois livros legais sobre o Ayrton: Ayrton Senna – Esporte Com Arte 2010 e Ayrton Senna – Uma Lenda A Toda Velocidade. E dá pra encontrar pelo menos 1 DVD à venda: An Official Tribute to Ayrton Senna.
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Vejam também:
– Post de Rafael Lopes sobre Senna
– Homenagens a Senna se estenderão ao longo de 2010
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