Retroceder nunca, render-se jamais

O título do post é o mesmo de um filme que assisti há muitos e muitos anos, já nem lembro direito dele, mas seu nome ficou em minha mente porque trata-se de uma espécie de mantra que uso.

A não ser que não haja mesmo outra saída, sou terminantemente contra desistir de algo ou de alguém. Isso pode ser aplicado a diversos fatores de nossas vidas. Se me permitem um exemplo, minha ida à Flip em 2007 pode ilustrar isso. Na época eu estava trabalhando no shopping aqui da cidade e já havia deixado de ir à edição de 2005 por um pouco de medo. Em 2005 seria uma viagem apressada, de última hora, ia dormir de favor etc., então não seria legal. Já em 2007 a coisa foi um pouco diferente. Eu poderia alugar um quarto e, além da Flip, a viagem tinha outras motivações, como conhecer pessoalmente o pessoal do Digestivo, por exemplo. Mas havia um problema: o emprego no shopping.

A Flip acontece em julho, e eu não teria completado nem mesmo 7 meses de empresa. Ou seja: para ir à Parati, eu teria de largar o emprego. E eu precisava do emprego. A única saída seria conseguir um adiantamento de férias. Conseguir um atestado médico, sugestão que um colega me deu, era fora de cogitação, jamais faria isso. Caso não conseguisse 10 dias de férias adiantados, eu teria de sair da empresa e depois pensar no que fazer da vida. Decidido a não perder aquela Flip, conversei com meu supervisor sobre a situação e ele me disse ser muito difícil conseguir um adiantamento, visto que eu tinha pouco mais de 4 meses de empresa quando conversamos. Mas, mesmo assim, ele tentou. E, incrivelmente, conseguiu. As vantagens de ser um bom funcionário e uma boa pessoa…

Mas a questão é que, conseguisse ou não aquele adiantamento, eu não iria voltar atrás. Quando conversei com ele, já tinha o quarto reservado e já estava mais que decidido a ir à Flip. Não haveria volta, eu não iria retroceder.

Hoje, assistindo ao jogo entre São Paulo e Corinthians, lembrei do filme. Porque o São Paulo, meu time do coração, precisava vencer o jogo para chegar à final do campeonato paulista. A partida era no estádio do Morumbi, casa do tricolor, e estava quase lotado de são paulinos. O time tem qualidade e poderia, sim, vencer o Corinthians. O primeiro tempo acabou empatado em zero a zero e esperava-se que o São Paulo voltasse para o segundo tempo decidido a vencer o jogo. Não obstante uma bola na trave aos 40 segundos do segundo tempo, o que se viu na metade final do jogo foi um time apático e entregue à eliminação. Um time displiscente – alguns erros individuais foram grotestos, e de grupo também: chegou ao ponto de ninguém gritar “ladrão” quando um jogador adversário chegava para roubar a bola dos pés de um são paulino. Se não me engano, aos vinte minutos o Corinthians já havia feito 2 gols e aí o São Paulo só fez mesmo evitar tomar um terceiro para não sair de campo goleado.

O problema é que havia muito tempo e grandes possibilidades de o time virar o jogo. Ou ao menos lutar para não sair de campo derrotado. Bastava mais raça, ser mais aguerrido. Lembro de um jogo entre Grêmio e Fluminense em 2006 que mostra bem isso.

Aos 23 minutos do segundo tempo o placar era de 2 a 0 para o tricolor gaúcho. Poucos minutos depois, com 1 jogador a menos, o Grêmio cedia o empate ao tricolor carioca. Mais alguns instantes e o Fluminense virava o jogo para 4 a 2. E também perdia um jogador por expulsão. O jogo agora era 10 contra 10.

Uma parte da torcida gaúcha já deixava o estádio, a outra que ficava vaiava o então técnico Mano Menezes. Faltando 2 minutos para acabar o jogo, que ia até os 49, o Grêmio faz dois gols e fecha a conta em 4 a 4.

Ou seja: o Grêmio não se entregou em minuto nenhum. Conseguiu, se não virar o jogo, ao menos ter uma das maiores reações que já vi no futebol.

A lição que se tira disso tudo é que não se pode entrar num jogo se não for para ganhar. Além de, claro, lutar até o último minuto. E isso deve ser aplicado no nosso dia a dia, na nossa vida. Se você vai fazer alguma coisa, que faça bem feito. Se tentou fazer algo e não conseguiu, tente de novo. Se é algo que você quer muito, de coração – e se é algo bom, claro – tente e tente e tente. Tente até morrer. Morra tentando, mas não desista. Afinal, se você crê em Deus, Ele te deu uma vida, e não é de bom tom desperdiçá-la. Caso não creia, bom, você tem uma vida, e não é de bom tom desperdiçá-la.

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