Escritor é um bicho engraçado. Não todo escritor, é verdade. Esses novos aí, arrogantes, prepotentes e que querem ser popinhos (de “pop”).
Já perdi a conta de quantas vezes soube de um escritor reclamando de uma crítica a um livro seu. Ora, não quisesse ser criticado, não publicasse, ô caramba.
Todo crítico literário é, antes de mais nada, um leitor. E é o leitor que faz a interpretação dos livros que lê. Na maioria das vezes o leitor não fica querendo saber o que o autor quis dizer com a história. Ele entende o livro da maneira que lhe convém no momento da leitura. Não sou o único a achar que a leitura de um livro depende muito do momento pelo qual o leitor está passando. E isso interfere na questão do “gostar” ou “não gostar”.
É óbvio que o crítico precisa colocar as emoções de lado e atentar para as questões linguísticas e literárias (estéticas) da obra. Precisa colocar de lado o gosto pessoal e ser imparcial para poder bem analisar a qualidade de um livro. Mas o crítico não é obrigado a enxergar em cada livro tudo o que este ou aquele escritor quis dizer. Se quisesse saber isso, entrevistaria o autor, ao invés de escrever uma resenha. Se ele, o crítico, critica algum livro, o faz porque é a sua opinião. Se a crítica é dura, paciência. O escritor precisa aprender a conviver com isso. O caso é que alguns não conseguem. Vejo escritores com 30, 40 anos de idade, reclamando de resenhas, como se fossem meninos birrentos que pedem à mãe um boneco no supermercado e a mãe diz que não vai comprar. Aí começam a encher o saco, berrar, pular, chorar.
Sou até suspeito para falar disso. No caso, para falar sobre “o que o autor quis dizer”. Vira e mexe sou mal-interpretado por um ou por outro, e fico danado comigo mesmo, por não ter conseguido expressar de maneira clara o que eu quis dizer. Mas enfim. Isso são outros 500.
O fato é que já soube até de escritor que ameaçou arrebentar as fuças de um crítico. Onde já se viu isso? O crítico precisa, sim, ser responsável em tudo o que diz. Mas ele pode, e deve, se sincero e se achar justo, meter o pau em um livro. No sentido de apontar as falhas de maneira sóbria e não-ofensiva. Se os “novos” (pois não são mais jovens autores) escritores começarem a reclamar de resenhas que criticam seus livros, vai chegar o momento em que o crítico vai criticar determinados autores de propósito, só pra ver o garotinho chorão ficar berrando. Quando isso acontecer, vai ser aquela coisa: o menino pirracento de um lado, o menino berrão do outro. Quem vai aguentar uma barulheira dessas?
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