Junho recheado de livros

Eu já sabia que iria ganhar livros no dia 12. De uma lista com uns 6 títulos, Cássia escolheu dois e me deu. No fundo, os dois que eu mais queria.

Um foi “Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias“, do jornalista norte-americano Philip Gourevitch. Primeiro o título foi que me interessou. Depois a capa, muito simples e muito bonita – adoro essas capas da Companhia de Bolso. E, finalmente, a história, que é muito real. Philip passou três anos pesquisando sobre o massacre que aconteceu em Ruanda, em meados de 1994, quando um décimo da população do país foi exterminada. Não sei se disse aqui, mas cada vez mais me interesso por História – na verdade, sempre gostei muito de História, mas esse interesse vem crescendo a cada dia.

Uma nota do autor, antes do início do livro, diz assim:

Dizimação significa o assassinato de uma em cada dez pessoas de uma população. Na primavera e no verão de 1994, um programa de massacres dizimou a população da República de Ruanda. Embora os assassinatos tenham sido executados com baixa tecnologia – geralmente com facão -, eles se consumaram com vertiginosa rapidez: de uma população original de cerca de 7,5 milhões, pelo menos 800 mil pessoas foram mortas em apenas cem dias. Os mortos de Ruanda se acumularam numa velocidade quase três vezes maior que a dos judeus mortos durante o Holocausto. Foi o mais eficiente assassinato em massa desde os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.

Só não comecei a ler ainda o livro porque não é uma leitura que dê pra fazer no banco do shopping, no horário de lanche do trabalho. Não é como ler um romance ou livro de contos. A atenção deve ser bem maior.

O outro livro que ela me deu foi “A trégua“, do uruguaio Mario Benedetti. Segundo a orelha do livro, ele é um dos mais importantes escritores uruguaios da atualidade. E não subestimem a literatura uruguaia: de lá saíram alguns dos escritores que mais admiro e que considero de leitura obrigatória para quem realmente deseja conhecer literatura de verdade. Me refiro a Mario Arregui, Horácio Quiroga e Eduardo Galeano, dos quais já li livros muito bons, e asseguro que cada um deles tem uma obra-prima, no mínimo.

Nada sei sobre “A trégua”. A não ser que é uma narrativa em forma de diário. Fiquei com vontade de lê-lo porque quero me aproximar mais ainda da literatura latino-americana, e porque é mais um livro editado pelo selo Alfaguara, da Objetiva. Estou meio que selecionando alguns livros do selo e fazendo uma espécie de coleção particular, com os “meus melhores”.

Esse eu devo ler em breve, quero resenhá-lo.

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No dia 11, recebi uma porrada de livros. Um deles, “A sombra do vento“, do espanhol Carlos Ruiz Zafón. O início do livro é uma escancarada homenagem aos livros. Zafón diz coisas que todo amante de literatura e dos livros sente e gostaria de dizer.

Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece.

Li poucas páginas, mas não imagino como um livro que começa do jeito que começou possa ser ruim. Espero que não seja. Acho que vou colocá-lo na frente de uns livros já bem atrasados.

Essa remessa trouxe livros muito, mas muito bons mesmo. A edição de bolso de “Lolita” do Nabokov, que eu tava doido pra ler, “A pista de gelo“, primeiro livro do chileno Roberto Bolanõ, que eu quase peço e acabou vindo sem eu pedir, entre outros. Mas o que me fez parar tudo mesmo e me concentrar só nele foi “O Texto, ou: A Vida“, que vem a ser as memórias do escritor brasileiríssimo Moacyr Scliar.

Não falarei muito dele porque muito provavelmente será minha próxima resenha. Ou uma das próximas três. Então, no máximo em dois meses, vocês lerão algo sobre ele escrito por mim. Só digo uma coisa: quem estava em dúvida de comprá-lo ou não, pode comprar, sem medo.

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Sem contas os que comprei este mês. Mas não vou falar sobre eles, senão não durmo hoje.

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Vou indo, mas volto amanhã, pra lincar aqui minha coluna nova no Digestivo.

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