“Fiz muito gosto”

Hoje atendi um português que nasceu em Vila Viçosa, terra de Florbela Espanca, e que sabe tudo sobre a vida dela.

Isso eu sei porque vi na identidade dele e porque ele me falou sobre a poetisa. Óbvio que, pra ele dizer isso, eu tive que disparar alguma coisa. Nada mais eu disse do que “De Portugal, eu conheço a literatura portuguesa”, ou algo do tipo. 

Depois disso tivemos uma longa conversa, no meu horário de lanche, sobre a colonização brasileira e espanhola, regada a suco de acerola – da fruta, mesmo. O senhor, que já tem seus 60 anos, é inteligentíssimo, e muito simples, apesar de ter uma confortável situação financeira. Gosto muito de gente assim.

Isso me motivou a ler “O sol e a sombra“, que estava em uma das várias caixas de livros que tenho aqui, e que de certa forma aborda um assunto que seu José Manuel e eu discutimos: a administração portuguesa no Brasil.

Isso não é pra agora, é pra daqui a uns meses. Mas com certeza citarei seu José Manuel no texto. Afinal, é ele o culpado de tudo.

Esse acaso só reforça o que eu penso e, sempre que posso, digo: nenhum livro jamais deve ser descartado antes de ao menos uma leitura. Corre-se o risco de perder uma grande obra. É por isso que minha biblioteca cresce a cada dia, mesmo sabendo eu que será impossível ler todos os livros que eu comprar/ganhar.

Ao fim da conversa, seu José Manuel se despediu dizendo “fiz muito gosto”, coisa lá da terrinha. E eu voltei a trabalhar. Sorrindo.

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