Hoje li alguém dizer que a minissérie “Som e fúria”, no ar pela rede Globo, é “a melhor coisa já produzida pela tevê brasileira”. Essa era a primeira frase do texto e eu quase não li o restante, de tão estupefato que fiquei. Mas segui lendo e felizmente não havia mais exageros. Se bem que, com um desses, pra quê mais?
Por mais que a série seja boa, afirmar o que a pessoa afirmou é demais. Afinal, como ignorar toda a história da televisão brasileira por causa de uma série da Globo?
É complicado comparar uma novela com uma série, mas não precisamos ir muito longe para lembrar de novelas históricas e de qualidade inquestionável. Que eu lembre de ter visto, basta falar de “Que rei sou eu”, “Rainha da sucata” e “A próxima vítima”. Se formos falar só de séries, mesmo, que tal “Agosto”, “Anos dourados” e “O fim do mundo”?
Entendo a empolgação de algumas pessoas, mas não se pode sair determinando coisas assim. No ano passado aconteceu coisa semelhante com o CQC, meio mundo de gente dizendo que é o melhor programa do universo etc. Tipo, ninguém assistiu TV Pirata? Ou a melhor fase do Casseta e Planeta?
Mais uma vez, é complicado comparar, porque são propostas diferentes. Mas é bom lembrar que tanto TV Pirata quando C&P fizeram (e os Cassetas continuam fazendo) críticas políticas e sociais. A diferença é que o CQC é também um programa jornalístico, e não apenas humorístico.
A explicação mais plausível para esses elogios afoitos é a de que estamos tão acostumados com porcarias que, quando surge qualquer coisa mais ou menos, a gente já sai dizendo que é a melhor coisa do mundo. Isso acontece não apenas na televisão, mas também na música, na literatura, no cinema, enfim, no mundo “dazartes”.
Então, meus queridos, aí vai um conselho, se me permitem: elogiem, mas com moderação. E conhecimento de causa também, claro.
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