Foi publicado recentemente no Brasil o roteiro do filme “Educação”, escrito/adaptado pelo escritor Nick Hornby, que, por sua vez, é muito conhecido por seus livros adaptados para o cinema, como “Alta fidelidade” e “Um grande garoto”.
“Educação” é um belo filme. Fala sobre anseios e decepções da jovem inglesa Jenny, na década de 1960. Ela está terminando o colegial e é pressionada pela família e pelo colégio para ingressar numa boa universidade – no caso dela, Oxford – por ser, aparentemente, a melhor aluna da escola. Mas eis que Jenny conhece David, um homem alguns anos mais velho – David tem 30 anos ou mais, a idade não é especificada no filme -, que começa a lhe tirar um pouco da vida certinha e regrada que vivia até então. Eles passam a ir a bares, concertos, fazem viagens – vão, inclusive, a Paris, cidade que Jenny ansiava muito por conhecer. Tudo era alegria até o dia em que, por acaso, Jenny descobre que David não é exatamente como ele demonstrava ser. A essa altura, Jenny perdeu e deixou de lado coisas importantes de sua vida, algumas delas irrecuperáveis.
A história do filme é ótima, apesar de o enredo não ser nada raro em filme algum. Um jovem que pensa estar ganhando o mundo quebra a cara e aprende uma lição, ponto. Mas “Educação” tem uma série de diferenciais – ótima trilha sonora, direção pra lá de competente, roteiro sem “buraco” nenhum -, sendo o maior deles as atuações. Carey Mulligan, que interpreta Jenny, faz o seu papel de maneira brilhante. Ela é simplesmente sensacional, nesse filme. Qualquer coisa perto da perfeição. Peter Sarsgaard, o David (se você assistiu a “Plano de voo”, com Jodie Foster, vai lembrar dele: é o vilão do filme), também tem uma atuação digna dos mais altos elogios, embora ele seja ofuscado por Jenny. Dominic Cooper, amigo de David, tem um papel menor mas sua atuação é também excelente. O filme conta, ainda, com participações especialíssimas de Alfred Molina, como pai de Jenny, e de Emma Thompson, diretora do colégio em que Jenny estuda, e que lhe alerta para as possíveis decepções e perdas que ela pode ter com o relacionamento que tem com David.
Baseado nas memórias da jornalista inglesa Lynn Barber, o roteiro de “Educação” não é, como eu pensava, uma obra original de Hornby, mas sim uma adaptação de um ensaio da jornalista publicado na revista Granta. Posteriormente, Barber ampliou esse ensaio, deu-lhe o mesmo nome (“An Education”), e publicou-o como livro. É curioso, portanto, o fato de não ter sido publicada aqui a obra de Barber. Ou não tão curioso assim, já que Lynn Barber não tem, no Brasil, o apelo que tem Nick Hornby. A publicação do roteiro em vez das memórias foi uma mera decisão mercadológica. Fica o desejo de a Granta em português, editada pela Objetiva, publicar ao menos o ensaio da jornalista que deu origem às memórias, em uma de suas próximas edições.
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