Não é de hoje que o suicídio – como tema – me interessa. Mas é como meu interesse por astronomia, por exemplo. Não li nada sobre o assunto, mas acho interessante.
E foi por conta disso que, quando vi o título “Suicídios tediosos” na caixinha do blog Amálgama aqui embaixo do menu, fui logo clicando pra ler. É a Juliana Dacoregio, falando sobre o documentário “A ponte”, de Eric Steel, sobre (com trocadilho, por favor) a ponte Golden Gate, em São Francisco, nos EUA, local utilizado por muita gente que deseja pôr fim à própria vida.
Não obstante as opiniões e críticas de Juliana sobre o filme, o que me chamou atenção foi este trecho: “Público e crítica questionaram os métodos de filmagem de Eric Steel. Indagaram se é ético filmar uma pessoa que está prestes a se matar e não avisar as autoridades responsáveis que cuidam da segurança da ponte. Se a equipe de Eric tivesse feito isso, muitos suicídios teriam sido impedidos, ao menos naquele momento.”
E então eu, que já escrevi isto e isto, me perguntei: é justo impedir que alguém cometa suicídio?
Uma pessoa que comete um atentado contra a própria vida está completamente desesperada, sem qualquer perspectiva de futuro e certamente com o psicológico destruído. É sabido que muitas pessoas tentaram se matar e, depois de não obter êxito, deram continuidade às suas vidas e até conseguiram melhorá-las. Mas, ainda assim, pergunto: é justo impedir alguém de cometer suicídio?
Até porque quem quer mesmo se matar não costuma falhar. Nem liga pra alguém avisando. A pessoa vai lá e se mata, pronto. Deixa um bilhete e tal, não tem isso de avisar. Tal como fez Hunter S. Thompson e mais recentemente David Foster Wallace, só para ficar entre os escritores/jornalistas.
É bom deixar claro que não defendo o suicídio, pelo amor de Deus. Mas, se alguém quer se matar, acho um tanto pretensioso alguém tentar impedir o ato. É como se a outra pessoa dissesse “ah, pára com isso, deixa de exagero, não está tão mal assim; larga essa arma e vamo ali tomar uma cerva”. Mas não, não é assim. Não é exagero, está mesmo tudo tão mal assim e cai fora senão você vai comigo. Seria o que eu diria.
Há alguns anos, encontrei uma menina dizendo que ia se matar, em uma dessas salas de chat da vida. Tentei impedi-la de cometer suicídio, claro. Não sei se ela estava falando a verdade, nem sei depois o que aconteceu. Vai ver se matou mesmo, ou então era só blefe e sumiu da sala. Mas enfim. A questão é que, se acontecesse isso hoje, eu diria “ué, tá esperando o quê?”.
E agora me vem à cabeça uma frase de Jayme Ovalle: “o suicídio é a publicidade do desespero”. Ovalle está certo. Mas uma pessoa avisar a alguém que vai cometer suicídio já é a publicidade da publicidade, e aí eu já desconfio. Se está gritando antes, é porque quer ser salvo. E se quer ser salvo, a vontade de dar fim à própria vida não é tão grande assim.
Enfim. Só uns pensamentos soltos.
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