* Texto publicado originalmente no blog Paralelos, lááá em 2006. Reproduzo aqui sem alteração alguma, de modo que algumas falhas do texto ficarão à mostra. Não tenho vergonha delas.
Quanto melhor o livro, mais complicado escrever sobre ele. Não sei se com os críticos é assim, mas comigo, mero “recomendador” de livros, é.
A responsabilidade é maior, creio eu. Um texto mal escrito pode espantar leitores, ao invés de fazer com que eles procurem a obra, se interessem por ela. Afinal, é essa a intenção de uma resenha: fazer com que o leitor procure o tal livro, folheie ele em alguma livraria, busque informações na internet, procure um amigo que tenha a obra para emprestar.
(Se seu amigo for como eu, desista. Ele inventará mil motivos para não emprestar o livro).
Ainda mais se ele for “Dicas úteis para uma vida fútil” (Relume Dumará, 224 págs.), de Mark Twain. Com o subtítulo de “um manual para a maldita raça humana” é um livro imperdível.
Poucos livros me impressionaram pelo projeto gráfico. Antes desse, só “O amor esquece de começar”, do Fabrício Carpinejar. Mas a Relume Dumará realmente teve um cuidado especial com esta obra de Twain. O livro é muito bonito, e muito bem acabado. Nota-se que houve um enorme cuidado em sua edição. A capa é bonita e o livro é recheado de fotos de Mark Twain, além de fac-símiles de manuscritos do autor e de páginas de jornais nos quais saíram seus textos.
Pegando o gancho, os textos reunidos em “Dicas úteis para uma vida fútil” são cartas, trechos de discursos de Mark Twain e escritos autobiográficos, como diz a orelha, e que eu prefiro chamar de crônicas.
Alguns desses textos são curtos, e posso até transcrever um inteiro aqui, como aperitivo:
“Desejo de Natal (publicado no New York World em 1890)
Ao editor do The World:
Meus calorosos votos e imensas esperanças natalinas de que todos nós (os da alta, os da baixa, os ricos, os pobres, os admirados, os desprezados, os amados, os odiados, os civilizados, os selvagens) possamos nos reunir em eterna paz e felicidade (exceto o sujeito que inventou o telefone).
Mark Twain
Hartford, 23 de dezembro.”
Em todos os textos há, no mínimo, a informação do ano em que ele foi publicado. Alguns têm a data exata, outros vêm acompanhados de uma pequena introdução, explicando como surgiu o tal escrito.
Mark Twain, ou Samuel Langhorne Clemens – seu nome de registro – não teve uma vida fácil – ficamos sabendo disso na introdução do livro. Mas nem por isso deixou de ser um homem bem humorado. Como quando dá dicas de como se comportar em um velório (“Não leve seu cachorro”), ou quando debocha de Benjamin Franklin (para depois se render a seus ensinamentos, que são passados de geração para geração nos Estados Unidos) e quando deixa um aviso ao próximo ladrão que tentar roubar sua casa, dizendo que “esta casa só tem baixelas de alumínio, agora e sempre” e pede “Por favor, feche a porta ao sair.”
Alguns dos textos presentes em “Dicas úteis para uma vida fútil” são inéditos. Outros, estavam fora de catálogo há décadas.
Eu, que não tinha lido nada ainda de Mark Twain, me diverti bastante com as palavras deste que é “a mais conhecida voz literária americana no mundo”, como diz a orelha do livro.
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