Entre “O curioso caso de Benjamin Button” e “Peixe Grande e suas histórias maravilhosas“, com qual você fica? (Supondo que você tenha assistido ambos, claro.)
Ambos são inspirados em obras literárias (o primeiro em um conto do bom e velho Fitz; o segundo em um romance de um autor “novo”, Daniel Wallace), ambos se aproximam das – se é que não são – fábulas e ambos foram dirigidos por diretores que têm uma legião de fãs fiéis. Mas enquanto “Peixe Grande” é um filme maravilhoso, “Benjamin Button” é somente legal.
Não entendo a grande quantidade de indicações ao Oscar recebidas por “Benjamin Button”. Este não é um filme “oscarizável”. Nada dele salta aos olhos. Só a fotografia, aliás. Me parece que o sucesso e o boca a boca do filme se devem aos protagonistas: um galã se esforçando para provar que é um bom ator (Brad Pitt) e uma atriz quase acima de qualquer suspeita (Cate Blanchet).
Mas Pitt não precisa fazer tais esforços, visto que sem dúvida alguma é um grande ator, e Blanchet não pode ser julgada: sua beleza ofusca suas atuações. Ok, ela é uma boa atriz. Mas talvez seja superestimada. Bom, se o sucesso não for devido aos protagonistas, qual a explicação, então? Não sei… Talvez os espectadores e críticos tenham medo do fantasma do Fitz (gente, ele não vai assombrar ninguém…), ou da sombra do cultuado David Fincher, diretor do filme, e de seus fãs ortodoxos.
Penso que, se Tim Burton tivesse dirigido “B. Button”, aí, sim, seria um grandessíssimo filme (nada contra Fincher, que dirigiu o perturbador “Clube da luta”; só estou levantando uma hipótese). Porque Burton leva as fábulas a sério, as trata como elas devem ser tratadas: como fábulas. Fincher tentou aproximar o seu filme da vida real, como se a história – de um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo ao passar dos anos – pudesse acontecer ou tivesse acontecido realmente. Eis aí, talvez, o defeito do filme: é real demais. Em “Peixe Grande”, tudo é fantasioso demais, mas justamente porque a obra de Wallace assim é. Se “O curioso caso de Benjamin Button” fosse mais fantasioso, creio que seria melhor. Relendo o trecho vejo que pareço estar fazendo uma reflexão sem sentido, mas, vejam: bastava mais alguns exagerozinhos, umas coisinhas de nada – mais uns três relógios que andam para trás, como o que aparece no início de filme – e ele seria bem melhor.
Entendam: eu gostei de “B. Button”. Só não achei sensacional, nem consegui entender por que fizeram tanto carnaval às custas dele. Cássia gostou bastante, só achou que poderia ser um pouco mais curto (concordo com ela). Mas, enfim, minha opinião não importa, a não ser para mim. Quem quiser assistir, assista. Não estará jogando dinheiro fora. Mas entre alugar “Peixe Grande” e sair de casa para ver “B. Button”, fico com locadora.
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