Um homem sem objetivos não é nada

 E eu digo “homem” no sentido mais amplo da palavra, no sentido de “ser humano”.

Todo homem deve almejar algo. Por mais simples que seja esse algo. Ter um objetivo claro e persegui-lo é uma das coisas que mais admiro numa pessoa.

Digo isso inspirado pelo Romário, que está prestes a marcar seu milésimo gol. Antes de chegar nessa contagem regressiva ele foi duramente criticado, alvo de piadas e do desprezo de muita gente que agora o endeusa. Romário é, talvez, o melhor atacante que vi jogar – posso falar da década de 90 pra cá – e por mais que já tenho feito e dito muita besteira, hoje é um exemplo para qualquer um, acredito eu.

Os cabelos brancos e a idade ensinaram a Romário algo que ninguém pode ensinar a ninguém. Não é a bronca do pai nem o conselho do irmão. É o tempo que nos faz aprender.

A busca pelo milésimo gol levou Romário, que já foi eleito melhor jogador do mundo e jogou em times como o PSV (da Holanda) e Barcelona (de onde, mané?), a jogar em um time inexpressivo da liga de futebol norte-americana e a um time menos expressivo ainda, da Austrália.

(Quantos não foram os que disseram que Romário iria jogar contra os cangurus…)

Romário quase vai parar em um time de segundo escalão do futebol mineiro, quando voltou da Austrália, se não me engano. E ele não tem vergonha de nada. Ele quer chegar aos mil gols, não importa em que time seja. Não importa se vai começar no banco, se vai entrar no jogo faltando 10 minutos pra acabar. Ele quer os mil gols.

E ele vai fazer os mil gols. Faltam dois. Alguém duvida?

Toda vez que vejo algo sobre isso na tv, fico emocionado. É sério. Não há nada mais verdadeiro e comovente do que um homem em busca de um objetivo, de maneira justa e honesta.

Que Romário faça os mil gols. E que seja no Maracanã. E que seja um gol sofrido. Que Romário chute uma vez e o goleiro defenda, que no rebote ele consiga mandar a bola pro gol, meio sem jeito, de canela mesmo. E que eu esteja assistindo o jogo, pra poder chorar com ele.

E que a torcida invada o campo e o carregue nos braços. Sim, isso mesmo. Que o jogo seja interrompido por 20, 30 minutos. E que quando a ordem for restabelecida, sem mortos nem feridos, Romário ainda faça o milésimo primeiro. E que não seja este, ainda, o fim de sua carreira.

Grande Romário.

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