Ontem fomos, minha noiva e eu, ao lançamento do livro de contos “Tempo bom,” (Iluminuras, 244 págs., R$ 26,00), aqui em Feira de Santana. Alguns posts atrás falei rapidamente sobre o livro, que foi publicado com a intenção de que todo o dinheiro resultante de suas vendas fosse direcionado para as vítimas das chuvas/enchentes aqui no Nordeste.
O livro foi organizado pelos escritores Sidney Rocha e Cristhiano Aguiar, e o processo de edição da obra foi feito em tempo recorde. Para se ter uma ideia, os contos publicados foram coletados em apenas três dias.
“Tempo bom,” reúne histórias (a maioria inéditas) de vários escritores já conhecidos dos literatos de plantão. Estão presentes Xico Sá, Ronaldo Correia de Brito, Marcelino Freire, Alberto Mussa e Nelson de Oliveira, entre outros. Mas há também nomes não tão conhecidos, como Felipe Arruda, Camerino Neto, Marcelo Pereira e outros. A Bahia está representada pelos autores Lima Trindade (brasiliense que mora na Bahia desde 2002) e Gustavo Rios, que vivem em Salvador e vieram lançar o livro aqui na cidade.
Falarei mais sobre o livro em breve. Este post, na verdade, é mais sobre o lançamento em si, que me deixou um tanto decepcionado, pelo fato de poucas pessoas terem marcado presença. E aproveito agora para pedir desculpas pelo tom demasiadamente pessoal deste texto, mas é impossível não ser.
Eu sempre soube que ser escritor não é fácil. Não basta apenas escrever bem. Por mais que você consiga dar à luz um bom romance ou um bom livro de contos ou poesias, publicá-lo é uma missão quase impossível. Se conseguir, o próximo obstáculo é fazer com que as pessoas saibam que seu livro existe, que ele está à venda. E não adianta muito a obra ser editada por uma grande editora. Eu canso de ver livros bons, muito bons, que vendem pouco e que são pouco comentados.
Bom, acho que já estamos de acordo: vida de escritor é, no mais das vezes, difícil. E agora eu digo que ser escritor, num estado como a Bahia, é ainda pior. Porque, apesar de grandes autores terem surgido aqui – eu poderia citar nomes e mais nomes, mas vou citar apenas Jorge Amado, Ruy Espinheira Filho e Hélio Pólvora, estes dois ainda vivos e em plena atividade -, a atenção dispensada para a literatura baiana é pouca, muito pouca. Pouquíssima.
Fiquei surpreso quando soube que “Tempo bom,” seria lançado aqui na cidade. Porque lançamento de livro por aqui é algo do tipo eclipse total do sol. Sério. Li a notícia em um dos maiores jornais impressos do estado, o A Tarde, e pensei que haveria uma boa quantidade de pessoas no lançamento. Afinal, o A Tarde estava noticiando e tal. Fiz uma pequena divulgação do evento no Twitter, e também via e-mail, para algumas pessoas, na esperança de que elas espalhassem a notícia.
Alguns até retuitaram meu recado, mas não adiantou muita coisa. Um lançamento como este deveria atrair a atenção da imprensa da cidade, dos intelectuais e também, por que não?, dos pseudointelectuais. Lideranças políticas deveriam aparecer e, claro, fazer seu lobby, comprar não apenas 1 exemplar, mas 2, 3, para pelo menos fazer o bom e velho marketing pessoal. Mas não houve nada disso.
Confesso que fiquei muito desapontado, talvez porque eu esperasse ou desejasse que muita gente comparecesse ao lançamento. Ou talvez porque, egoísta, pensei em mim mesmo, quando porventura lançar o meu livro (será?) aqui na cidade. É bom ir mesmo me preparando. Porque ser escritor sem livro publicado já não é fácil. E parece que com livro publicado é pior ainda.
Mas enfim. Peço desculpas pelo desabafo e pelo tom pessimista. Isso vai passar. O importante é que vocês procurem por “Tempo bom,” e, mais que isso, comprem o livro. É o tipo de ocasião em que dá pra unir o útil (a solidariedade) ao agradável (uma boa leitura).
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