Quem convive comigo sabe que sou um tanto metódico, e muitas vezes faço dezenas de perguntas antes de tomar uma atitude. Muita vezes nem é nada muito importante; não é difícil eu me perguntar umas três vezes se devo ir a algum lugar ou se devo ir a outro. Se devo fazer isso agora ou fazer aquilo agora e deixar o isso para depois.
Isso mostra que, na verdade, não sou metódico, mas sim indeciso em relação a algumas coisas. Poderia até dizer que medroso.
Foi assim ao sair do meu primeiro emprego, por exemplo, com a desculpa de que não tinha tempo para estudar e me dedicar à literatura e minhas atividades virtuais. Foi assim ao planejar minha ida à Flip, sem me importar muito com o que aconteceria depois. E foi assim em relação a alguns acontecimentos em minha vida pessoal, que não explicitarei aqui. Em todos esses casos, eu pensei muito antes de tomar uma atitude, e muitas vezes fiquei em dúvida até o último instante, quando, quase que de uma hora hora pra outra, me decidi (no caso da saída do emprego, por exemplo, na hora de assinar a rescisão, minha ex-supervisora tentou me convencer a desistir de sair, e quase que eu desisto mesmo). E, depois de tomar uma decisão dessas, fico dias ou semanas me perguntando se realmente fiz o certo. Algumas dessas decisões eu questiono até hoje.
É que tenho uma enorme preocupação de que as coisas dêem certo, de que eu consiga fazer tudo da melhor maneira possível, e muitas vezes eu acabo não fazendo, as coisas às vezes dão errado. E eu nunca tenho um Plano B. Eu sempre jogo todas as minhas fichas em algum objetivo. Se o que planejei não dá certo, fico sem ter para onde ir, tenho que recomeçar do zero. E todo mundo sabe que não é nada fácil começar tudo de novo.
O curioso é que, justamente por nunca ter um Plano B, parece que há um traço de excesso de confiança em mim. E há também um empenho enorme em fazer o planejado se tornar realidade. Afinal, se não der certo, é o que eu disse: fico de mãos atadas, preso, sem ter para onde ir. Quando a gente aposta todas as fichas em um número apenas, podemos, além de não ganhar, perder o que já temos (e até o que não temos).
Então às vezes bate aquela crise e penso: e se o que eu planejo não der certo? E se eu perder o que tenho agora? O grau da crise aumenta quando, no meio de tudo isso, há outras pessoas envolvidas. Se fosse apenas eu, não me incomodaria tanto. Mas há outras pessoas, outras vidas, e não quero decepcionar aqueles que acreditam em mim.
Quando medos e angústias se misturam, o resultado não é lá muito bom, psicologicamente falando. Mas isso vai passar, e tudo voltará ao normal.
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