Sangue, óculos e livros

Anteontem, esperando a seringada que iria levar alguns MLs do meu sangue, o técnico de laboratório diz, no meio de uma conversa sobre não lembro que assunto:

“Pior do que está não pode ficar.”

Ao que respondo:

“Não diga isso, não diga isso…”

***

Ontem, no oftalmologista, recebo a notícia de que voltarei a usar óculos. Na verdade, eu até queria. À noite tem sido uma droga sair, porque o vento bate no rosto e irrita os olhos. Um óculos pode ajudar a diminuir o impacto invisível nas minhas pupilas.

Ao sair do consultório, com ambas dilatadas, pensei que faria tal qual Russell Crowe em “O Gladiador”, macho até não mais poder – só escorrega naquele finalzinho fresquinho mas até legal -, e voltaria para casa andando, enfrentando o sol a pino que atingia meus belos olhos castanhos. Mas, claro, não sou um gladiador e me escondi numa galeria, esperando meu velho pai me salvar do sol “cegante”.

***

Se vocês não comprarem meus livros na Estante Virtual, terei de declarar falência pessoal (rimou!). Hoje chegaram uns que eu havia encomendado porque tinha feito algumas vendas por lá. Mas acontece que não se pode contar com algo que não se tem, e os compradores desistiram de comprar – vejam só que mundo, meu Deus! Os compradores desistiram de comprar! Onde é que isso vai parar? Os vendedores vão desistir de vender? E depois, o quê? O fim?

Mas enfim. Foram uns livros pockets que estavam por R$ 9,90 na Saraiva (eu avisei a vocês, eu avisei…). Então, hoje à tarde, estava deitado com Balzac e suas “Ilusões perdidas”, Eduardo Galeano e o seu “Livro dos abraços”, além de Flaubert acompanhado de sua “Madame Bovary” e, claro, o velho Fitz, com o seu “Os belos e malditos”.

Foi então que descobri, depois de alguns minutos: não preciso ler todos esses livros. Basta deitar perto deles e absorver seu conteúdo, por osmose. Hoje, depois de passar alguns minutos rodeado por eles, levantei e simplesmente tudo ficou claro para mim: sou o mais novo gênio literário do século, algo ali entre Scott Fitzgerald e Balzac, com toques de Flaubert e, claro, um pouco da verve latina via Eduardo Galeano. Agora ninguém me segura.

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