Realismo fantástico ou conto de fadas?

Em “O processo”, romance genial de Kafka, um homem chamado K. é acordado por oficiais de justiça que o acusam de ter cometido um delito, um crime, mas não dão detalhes da acusação. K. garante que é inocente e não faz idéia do que está acontecendo. Ele não chega a ser preso, mas fica sob vigilância total dos oficiais.

Durante todo o romance K. é tratado como um suspeito, mas ninguém lhe diz do que é acusado. Assim sendo, K. não tem como se defender, e tampouco a justiça lhe prende. Ele fica em “liberdade” até o fim do livro, que eu não lembro, nem seria de bom tom contar.

***

Há mais ou menos 2 anos, Lula acordou e foi acusado de acobertar o mensalão. Mas “o mensalão não existiu”, então Lula era acusado de um crime que não cometeu. Sempre dizendo que não sabia o que havia acontecido, Lula viveu dias de K. Uma situação kafkiana em Brasília, vejam só. Coisa bem mais comum do que deveria ser.

Recentemente, um cara lá que não lembro o nome, afirma que seu computador enviou, por engano (e para quem não deveria enviar), um email contendo uma planilha com os gastos feitos por Fernando Henrique Cardoso e sua então primeira-dama em seus respectivos cartões corporativos (se eu estiver errado, me corrijam, por favor).

Depois do absurdo de Kafka é a vez do realismo fantástico de Borges ou dos contos de fadas?

This entry was posted in A vida como ela é. Bookmark the permalink. Post a comment or leave a trackback: Trackback URL.

One Comment