Quatro vozes

Tínhamos um blog – temos, na verdade -, o Dudu, o Thiago e eu, no qual publicávamos nossa pretensa literatura. Seu nome: 3 Vozes.

70% de culpa minha, paramos de postar. Por causa de minhas atividades, por não mais poder escrever ficção como antes escrevia. (Mas ao menos o consolo de, se não escrevo tanto, escrevo bem melhor.)

Acho que começamos em 2005, com o blog. E até hoje somos amigos. O Thiago é mais amigo dos outros dois, e isso mantém acesa a amizade minha e do Dudu, já que não nos falamos tanto. E vamos voltar com o nosso blog, é só uma questão de tempo. Pouco tempo, acredito eu.

Mas o fedelho do Thiago tem o incrível dom de me fazer chorar com seus contos, algumas vezes. Nas outras, me deixa irritado porque tem preguiça de revisá-los decentemente.

E ele escreveu um belo conto – sou suspeito para falar, pois fiquei mesmo emocionado – num blog que ele tem com outros três amigos, o Quatro Patacas, falando sobre nós, as 3 Vozes, e minha bem amada Cássia.

Abaixo o início do conto. O restante vocês lêem só no blog. Eu fico assim, sem graça, sem ter como agradecer ou retribuir. Se lágrimas servirem, ele as tem.

Quatro vozes

Quando eu e o Dudu sentamos na rua em Feira de Santana, logo depois dele ter voltado da Austrália, nós conversamos como se fosse a primeira vez que nos víamos. Lembramos quando nos encontramos, de nossa produção literária e dos sonhos que nós teríamos de construir juntos, eu, Dudu e Rafael. Até saímos no jornal um dia.

Nós éramos jovens ainda, eu ainda não tinha a história da Giovanna, e morria de amores pela Mari, veja como o tempo passa; e enquanto eu me lamentava em São Paulo do amor de alguém que nunca me amaria, e Dudu, como uma máquina, beijava mais mulheres que o próprio Casanova, nós dizíamos que tudo que queríamos, de verdade, era um amor como o que tinha o Rafa.

O Vinícius de Morais dizia que poetas não devem falar de seus amores, e sim de outras mulheres, e eu sempre entendi isso como uma forma de dizer que na poesia o falar de amor nem sempre é amar alguém; e que o amor de verdade, aquele do “de tudo ao meu amor serei atento”, é como um segredo embaixo de um guarda chuva que deve ser saboreado as escondidas.

Mas o Rafa não tinha essa moral Viniciana, ele cometia o pecado de amar em vida e declamar nas ficções. Ele poderia insistir que não, fingindo ser um contista boêmio a la Bukowski, mas no meio de suas vastas ficções, eu e o Dudu sempre notávamos as palavras que ele escrevia só para ela ler. Aquelas cartas de amor de um romântico incorrigível que ele insistia em negar, para manter a pose blasé. Até um dia que não deu mais, ele teve que assumir.

Ele escreveu os textos mais bonitos para ela. Porque ao contrário de mim, fudido com amores imperfeitos, ao contrário do Dudu, nosso Don Juan, e dos poetas do passado que já escreveram sobre amor, nós podíamos além de ler suas palavras, sentir que quando, e isso também é Vinícius, os olhos dele olham no dela, não existe mais ninguém no mundo exceto aquele dois.

Leia o conto inteiro no Quatro Patacas.

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