Já fazia um bom tempo que Cássia e eu não íamos ao cinema. Combinamos de assistir, na última segunda-feira, “Super-Herói: O filme”, pra dar umas risadas. Mas perdemos a sessão e acabamos assistindo “Ponto de vista“.
Na verdade, era o filme que eu queria assistir mesmo, por causa do Dennis Quaid. Íamos assistir “Super-Herói” porque a sessão de “Ponto de vista” começaria já à noite. E como voltariamos andando para casa e as ruas estavam um pouco desertas por causa do feriado, achei melhor pegar uma sessão mais cedo. Mas, como já disse, não deu certo, e assistimos ao filme do Quaid mesmo.
Ainda bem, porque gostamos pra caramba. A história, pra ser bem sucinto, é a seguinte: o serviço secreto consegue se antecipar a uma tentativa de assassinato ao presidente dos Estados Unidos, que está na Espanha para assinar um documento contra o terrorismo ou algo do tipo, não lembro com exatidão. Mas enfim. O fato é que existe o atentado – aliás, os atentados, já que uma bomba explode na praça onde o presidente faria um discurso para milhares de pessoas.
Mas isso é só o catalisador da história. O filme conta o mesmo fato – esses atentados – sob a ótica de diversos personagens. Os principais são: Thomas Barnes (Dennis Quaid), que há cerca de 1 ano salvou a vida do presidente, levando um tiro que deveria atingi-lo; Howard Lewis (Forest Whitaker), um turista americano que por acaso consegue filmar alguns acontecimentos cruciais para o entendimento da história; Javier (Edgar Ramirez), que consegue sequestrar o presidente dos EUA para entregá-lo a um grupo de terroristas que está com seu irmão como refém; e Kent Taylor (Matthew Fox; ou “o carinha do Lost”, o Jack) que é o “parceiro” de Barnes (entre aspas porque ele integra o grupo de terroristas).
Mas não esperem aquele negócio de luta contra o terrorismo à la Jack Bauer. “Ponto de vista” não é um filme que levanta questões sociais ou geopolíticas. É um filme para entreter, um thriller, sei lá. O mais legal dele é o fato de serem mostrados os diversos pontos de vista, como cada personagem viu o acontecido, quais as reações de cada um, o que realmente importa para cada um. Acaba sendo um drama, também, ou vários dramas.
Por incrível que pareça, o mais legal do filme também é o ponto fraco dele. Porque cada personagem tem uma história bem maior do que os poucos minutos reservados para cada ponto de vista pode demonstrar. Tudo bem que se pode até recorrer à literatura e pensar naquilo de “a história implícita” (coisa da teoria do conto de Ricardo Piglia: todo conto tem duas histórias, uma superficial e uma secreta). Dessa forma, o espectador imagina qual seria o passado e o futuro de cada um dos personagens. Mas achei que os conflitos internos (ou pessoais ou existenciais) dos personagens não foram tão aproveitados como poderiam ser, caso fossem mostrados os pontos de vista de, sei lá, dois ou três personagens, por exemplo. Isso não prejudica o filme, de maneira alguma. Foi só algo que me ocorreu.
Não há nenhuma interpretação digna de aplausos efusivos, mas é bom notar como o Whitaker consegue desempenhar quase perfeitamente o papel a ele designado. Preciso assistir o quanto antes ao filme que lhe rendeu o Oscar de melhor ator no ano passado.
Enfim, é um filme legal, que vale a pena assistir, acho. Eu recomendo e digo-lhes que assistirei novamente, quando sair em DVD.