Para ser candidato

Assistindo ao horário eleitoral um dia desses, vi um ex-colega de colégio, agora candidato a vereador. Foi estranho, já que naquela época ele era um tanto quanto maluco. É certo que tomou jeito com o passar do tempo, mas não dá pra ver nobreza ou altruísmo no ato de se candidatar.

Além dele, vi uma porção de outros candidatos a vereador. E um pensamento que eu já tinha só fez ganhar mais força: a candidatura não deveria ser algo voluntário, de livre e espontânea vontade. Deveria ser justamente o contrário. No meu mundo maravilhoso, disputariam eleições pessoas que um determinado número de pessoas escolhesse para disputar, quase como as primárias dos EUA, mas não seria tão simples assim.

A comunidade teria que decidir que Fulano seria candidato, faria um abaixo assinado solicitando que ele se candidatasse e levaria as assinaturas para ele, que, de posse do abaixo assinado, iria se filiar a algum partido (também escolhido pela comunidade) e levar sua proposta de candidatura ao local responsável (fiquei de cara agora: onde é? TSE?).

Mas é óbvio que não é tão simples. Se ele aceitasse isso de primeira, não poderia ser candidato. Seria candidato apenas quem negasse terminantemente a ser. Vou dizer como penso isso: o cidadão receberia o abaixo assinado solicitando sua presença nas eleições. Ele diria que não, não queria se candidatar, não tinha vontade alguma de ser eleito. Depois da primeira negativa, mais assinaturas seriam recolhidas, a comunidade organizaria uma passeata em prol da candidatura dele. Mas, mesmo assim, o cidadão se negaria a participar do pleito.

Diante da segunda negativa, seria dada voz de prisão ao pré-candidato (no meu mundo maravilhoso há uma legislação bem diferente em vigor). Ele, honesto e íntegro que é, não se deixaria abater, e iria mesmo para a cadeia, mas não seria candidato de maneira alguma.

Um mês depois, com a comunidade insistindo na sua candidatura, inclusive fazendo “protestos” na frente do presídio, o nosso correto cidadão finalmente aceitaria ser candidato.

Seria esse o primeiro filtro das eleições. Seria uma adaptação eleitoral do método Capitão Nascimento se gerir pessoas, imagino, já que não assisti ainda ao tão falado Tropa de Elite.

This entry was posted in A vida como ela é. Bookmark the permalink. Post a comment or leave a trackback: Trackback URL.

One Comment