Os (meus) livros de 2011 1/2

Nos últimos anos o número de livros – entre novos títulos e reedições – vem crescendo bastante – eu diria até assustadoramente. É tanto livro que você fica desnorteado – no caso de você ser um leitor contumaz.

É humanamente impossível acompanhar todos os lançamentos, e mais ainda ler tudo o que se deseja dentro de um ano. Até porque leituras não seguem o cronograma das editoras. Volta e meia você se vê com um livro publicado há 1, 2, 3 ou mais anos em mãos, em vez de estar lendo a bola da vez.

Mas, como faz parte do meu trabalho acompanhar as novidades, posso dizer que este foi um – mais um – ano livresco muito bom, apesar de diferente (para mim). Em 2011 eu mais folheei livros e li capítulos esparsos do que obras de cabo a rabo. Imagino que vocês tenham percebido isso, por conta do número reduzido de resenhas publicadas.

Porém, isso não me impede de eleger os meus livros do ano. Se não pude ler todas as obras listadas abaixo, pude saborear suas primeiras páginas ou alguns capítulos – no caso de algumas, bem mais que alguns, quase todos. E se as indico, é porque sei que são mesmo bons livros. É claro que muita coisa ficou de fora, como, por exemplo, a biografia de Steve Jobs, ou “Liberdade”, de Jonathan Franzen. Mas além de esses já estarem em várias e várias listas, esta aqui é a minha lista, portanto, é meu gosto pessoal (a redundância é proposital) que elege as prioridades.

Quase todos foram publicados no segundo semestre, sendo que três deles saíram já em dezembro, às portas de 2012. Mas enfim. Deixemos de conversa e vamos à lista.

Literatura estrangeira

– “O mesmo homem”, de David Lebedoff (editora Difel): o autor faz um paralelo entre as vidas de George Orwell e Evelyn Waugh, dois dos maiores escritores de língua inglesa de todos os tempos. É um livro empolgante e revelador, ao menos para quem conhece pouco dos dois autores. Para mim, foi uma bela surpresa. Um livraço.

– “Como morrem os pobres e outros ensaios”, de George Orwell (ed. Companhia das Letras): como dito acima, Orwell é um dos maiores autores de todos os tempos. Os ensaios de “Como morrem os pobres” são simplesmente brilhantes. Cada página é impressionante. Orwell consegue mesclar erudição e conhecimento com uma linguagem simples, leve e por vezes bem-humorada. É simplesmente incrível. Para quem não conhece o livro, se puder e tiver curiosidade, leia em uma livraria ou biblioteca o ensaio que começa na página 375, “Livros e cigarros”. Ou, se ler em inglês, pode fazê-lo via internet. E aí depois me diga se ele é ou não é brilhante. Detalhe: esse é um dos ensaios mais “simples” do livro.

– “O tempo que eu queria”, de Fabio Volo (ed. Bertrand Brasil): fiquei muito atraído tanto pelo título quanto pela capa deste livro. Mas o que me fez ir atrás dele foram suas primeiras páginas, que são arrebatadoras (em breve colocarei um trecho aqui). O impacto que um livro pode causar em um leitor depende muito do histórico de vida de quem lê, e/ou do momento que a pessoa está atravessando. Talvez por isso “O tempo que eu queria” tenha me emocionado bastante, e aí meu julgamento estaria comprometido. Mas recomendo ao menos uma olhadinha no livro, quando vocês forem a uma livraria. Vai que.

– “Zuckerman acorrentado”, de Philip Roth (ed. Companhia das Letras): apesar de o grande lançamento de Roth este ano ter sido “Nêmesis”, me atraiu mais essa coletânea de três romances (“O escritor fantasma”, “Zuckeman libertado”, “Lição de anatomia”) e um epílogo (“A orgia de Praga”). Comecei a ler “O escritor fantasma” e estou na metade, mas posso dizer que é mais um grande livro de Roth. O domínio que ele tem tanto da linguagem quanto da história em si é de fazer inveja a qualquer grande escritor. Difícil entender por que ele ainda não foi laureado com o Nobel de Literatura.

– “O livro da filosofia”, vários autores (ed. Globo): apesar de ser um livro introdutório, com perfis rápidos – e outros nem tanto – de vários filósofos, “O livro da filosofia” parece ser uma obra de grande valia para estudantes de filosofia ou interessados pela área. Digo “parece” porque quem sou eu para afirmar alguma coisa sobre filosofia. Comecei a graduação há pouco tempo e o que mais tem aparecido são dúvidas, em vez de respostas. Não obstante, o livro vale a pena pelas informações introdutórias e também, por que não, pelo seu projeto gráfico, rico em ilustrações e cores. Além disso, a equipe de colaboradores tem currículos/formações interessantes, e isso passa uma segurança para o leitor.

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