O Brasil, essa piada sem graça

Anteontem, quarta-feira, deputados e senadores aprovaram um polpudo aumento dos próprios salários, além de também reajustar os ordenados da presidência e da vice-presidência da república, e dos ministros de Estado. Os aumentos vão de mais de 60% a até mais de 130%.

Como bem diz – é preciso reconhecer – o editorial da Folha de São Paulo de ontem,

“Sem demagogia, não se deve ignorar que o salário do chefe do Poder Executivo e dos ministros estavam, de fato, depreciados, desde logo à luz das atribuições e responsabilidades que tais funções envolvem. Desde a década de 90, é sabido que muitos quadros qualificados deixaram a vida pública precocemente, atraídos pelas remunerações do setor privado.

Deveria haver, no entanto, uma maneira menos lesiva para a sociedade de corrigir tais distorções -por meio, por exemplo, de reajustes escalonados, menos estratosféricos e mais compatíveis com as circunstâncias do país.”

O que espanta é a cara de pau com que fizeram isso, na surdina, e de maneira extremamente ágil. Nunca antes na história deste país uma votação no senado foi tão rápida quanto a do aumento: a coisa toda se resolveu em cerca de três minutos.

319 deputados participaram da votação. Apenas 35 votaram contra. Outros 5 se absteram e o restante votou a favor.

No Senado, são 81 senadores. Destes, apenas TRÊS se manifestaram contra o aumento: Álvaro Dias (PSDB/PR), Jose Nery (Psol/PA) e Marina Silva (PV/AC).

Um dos deputados em quem votei nas últimas eleições foi a favor do aumento. O nome dele: Colbert Martins Filho, do PMDB. Nunca mais terá meu voto. Da Bahia, apenas um deputado votou contra o aumento: Bassuma, do PV, em quem votei para o governo do estado na última eleição. (Meu voto para deputado estadual foi para a legenda do PV.)

Sugiro que todos procurem saber como se comportaram os deputados e senadores em quem vocês votaram nas últimas eleições. Precisamos extirpar da política brasileira não um partido, como disse o presidente Lula meses atrás, mas sim políticos que não têm nenhum compromisso com o povo brasileiro, seja lá de que legenda for. Políticos que não têm vergonha na cara. Será que sobra algum?

Fontes:
Aumento imoral – editorial da Folha de São Paulo
Despesa com deputado vai a R$ 1,6 milhão ao ano – Henrique Gomes Batista, O Globo
Senado aprova aumento de 61,8% para parlamentares – Erich Decat
Câmara aprova aumento dos salários dos parlamentares – Erich Decat
Quem apoiou a votação do aumento para os parlamentares – Congresso em foco

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