Quando estive em São Paulo, em 2007, fui ao Iguatemi com o Mineo. E mesmo com ele torcendo o nariz, passamos na C&A. Acabei comprando duas camisas lá (ou três, não lembro direito), mesmo com o Mineo dizendo “cara, pra quê isso, pelo amor de Deus, vamos ali na VR ou na Brooksfield ou na Sergio K ou…”.
Duas camisas sociais bonitas (ou três, não lembro direito), de manga longa e tal, estavam em promoção – o Mineo falava discretamente “putz, com essa etiqueta vermelha, ainda por cima?” -, não ia deixar de levar. Até porque na C&A daqui eu não tinha visto peças tão bonitas com um preço tão em conta.
Bom, isso foi em julho de 2007. De lá pra cá, vesti uma delas (ou duas, sei lá) em algumas ocasiões. A outra, bem mais bonitona, eu estava guardando para vestir numa ocasião especial e tal. Nesses quase dois anos até fui a um ou outro casamento, mas não a usei. Quando pensei que só iria usá-la na formatura de Cássia, mesmo sabendo que nesta ocasião eu deverei vestir um paletó etc., surgiu a formatura de um de meus melhores amigos, que foi justamente ontem. Então, finalmente, depois de quase dois anos, inaugurei a dita cuja.
E isso me fez pensar na relação que tenho com determinadas roupas minhas.
Na verdade, eu já havia pensado nisso antes, inclusive com a intenção de escrever sobre o assunto. (Posso ver a cara do Mineo pensando “cara, por que você está fazendo isso?”.)
Não fosse eu um cara vaidoso, andaria por aí feito um maluco. Porque gosto de certas peças velhinhas, gastas, desbotadas.
Tenho uma calça jeans, por exemplo, da época do ginásio ainda. Como sou bem magro – mas bem magro, mesmo – e na época eu precisava usar cinto para vesti-la, hoje ela está no ponto. O problema é que, numa fase mais revoltada de minha vida, há não sei mais quantos anos, inventei de cortar a calça na altura do joelho. Melhor dizendo, abrir uma fenda. Além disso, por causa da idade, um pequeno buraco se abriu no início do bolso traseiro, e os bolsos da frente estão furados. Quero mandá-la para o alfaiate, mas fico até com dó. Enquanto não crio coragem para me afastar dela por alguns dias, sigo usando-a dentro de casa.
Outro item do qual não me afasto é um All Star que tenho há anos também. É daquele modelo tradicional, preto do bico branco, com a listrinha vermelha. Hoje, andar muito com ele significa ficar com os pés doendo, porque já quase não tem solado. Mas não consigo deixar de usá-lo. Está velhinho como o quê, mas uso. Vou para a aula, para o shopping, se bobear até para festa vou. Tenho uma porção de All Star novos ou menos velhos, mas ele é o que mais uso, simplesmente porque o adoro.
Além dessas peças, há outras. Algumas camisas que tenho, por exemplo, faz muito tempo que as comprei. Mas gosto tanto delas que nem me importo se a tinta da estampa já está nas últimas, ou se ela está desbotada e tal, uso mesmo assim. Uma outra calça jeans, que comprei na C&A quando ainda trabalhava lá – nota: eu saí da C&A em 2005 -, já está totalmente gasta, mas continuo vestindo porque realmente adoro ela. E por aí vai.
É uma pena certas roupas não nos acompanharem para sempre. Não sei se seria o caso de dizer que sou bastante materialista, mas a verdade é que eu me apego a certos objetos, e me esforço para mantê-los comigo o máximo de tempo possível. Às vezes nem os uso, como uma coleção de cartões telefônicos que eu fazia, ou mesmo algumas latinhas que cheguei a colecionar. Certas latas foram jogadas fora, mas ficaram por aqui pelo menos umas 10, as mais “raras”, digamos assim. Acontece também com livros: tenho dois aqui que comprei em edições antigas, em um sebo, com anotações dos antigos donos e tudo o mais, mas mantenho-os comigo, mesmo tendo comprado suas novas edições depois (a saber: “Crônica de um amor louco”, de Bukowski, e o “Perfis do Rio” que fala do Fernando Sabino, escrito por Arnaldo Bloch).
Enfim. Só um post bobo com pensamentos bobos.
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