No Suplemento Literário de Minas Gerais

Para quem não conhece, um pouquinho de História: o Suplemento Literário de Minas Gerais foi criado em 1966, para ser publicado como encarte do Diário Oficial de Minas Gerais. Sua concepção ficou a cargo de Murilo Rubião, escritor mineiro conhecido pela sua mania de perfeição. No prefácio dos livros “O pirotécnico Zacarias e outros contos“, “A casa do girassol vermelho e outros contos” e “O homem do boné cinzento e outros contos“, Humberto Werneck, bastante conhecido de quem acompanha este blog, diz que “Em meio século de atividade literária, [Murilo Rubião] publicou, em jornais e revistas, cerca de cinquenta contos, e para figurar em livro selecionou apenas … 33”. Esses 33 contos estão reunidos, justamente, nos três livros citados, todos publicados pela editora Companhia das Letras.

Quando aceitou a tarefa de criar e comandar o SLMG – ou apenas “o Suplemento” -, Murilo Rubião ainda não era o autor de “O pirotécnico Zacarias”, que, segundo o mesmo prefácio, “em pouco mais de um ano, 100 mil exemplares [do livro] se evaporaram nas livrarias”. Mas já era um escritor respeitado, talentoso e de vanguarda, como bem diz Humberto Werneck: “É espantoso verificar, hoje, o quanto Murilo Rubião foi ignorado, durante tantas décadas, quando na verdade antecipara entre nós um tipo de literatura [realismo mágico ou realismo fantástico] que só vinte anos mais tarde daria renome internacional a seus confrades hispano-americanos”.

Lá se vão 33 anos – justamente o número dos contos de Rubião publicados em livro – de 1966 para cá. Nesse ínterim, passaram pelo Suplemento e tiveram lá textos publicados vários escritores, como o próprio Humberto Werneck, Cyro dos Anjos, Luiz Vilela, Silviano Santiago, Sérgio Sant’Anna, Jaime Prado Gouvêa (que hoje é editor do SLMG), entre vários outros. Além disso, o SLMG não é mais encartado ao Diário Oficial. Ele é hoje uma publicação “isolada”, e não encarte de outro veículo.

Eu, que há anos venho me embriagando de literatura mineira – e que recentemente fiquei levemente embriagado na capital de Minas -, confesso que sempre tive vontade de ver algo meu no Suplemento. Mas, há alguns anos, eu não sabia como chegar até lá, e achava até impossível isso acontecer. Felizmente, os caminhos da vida – não o das Índias – me levaram até o Suplemento, e eis que foi publicado lá um texto meu, chamado “Os descaminhos da crítica literária brasileira”, na edição de julho deste ano, que, por conta de determinadas pendências burocráticas que fogem ao meu conhecimento e compreensão, só foi sair recentemente – não sei precisar quando, mas certamente nas últimas semanas.

Acredito que em breve a versão em PDF do SLMG, que recebi ontem, deve estar disponível para download no site do Suplemento. Enquanto isso não acontece, quem quiser o arquivo é me pedir que eu envio. Nesta edição – logo depois do meu texto, a propósito – foi também publicada uma entrevista inédita com Fernando Sabino, feita há 15 anos, por Drummond Amorim e Jaime Prado Gouvêa, no Hotel Toffolo, em Ouro Preto (e vejam só: passei por esse hotel quando fui lá). A publicação dessa entrevista, aliás, tem uma pequena participação minha: quem lembrou dela foi o Jaime, quando perguntei se ele foi amigo do Fernando, e, em caso positivo, se poderia colaborar de alguma forma com o A Falta Que Ele Faz. Ele me disse que não foram tão próximos, mas que havia essa tal entrevista “perdida”, que foi feita em dezembro de 1994, justamente para ser publicada no Suplemento, em 1995. Mas do fim de 1994 para o início de 1995 houve algumas mudanças no SLMG, e a entrevista acabou não sendo publicada. Agora, 15 anos depois, ela finalmente veio à luz. Em breve ela será reproduzida no blog em homenagem ao Fernando, dividida em três partes, imagino.

Quem quiser receber esta edição em casa, é só preencher este cadastro. O número desta edição é 1322.

Meu aniversário foi em julho. Este é certamente o melhor presente atrasado que já recebi.

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