Livraria não é biblioteca (nem parque de diversões)

Um dia desses me perguntaram se a livraria empresta livros. Como se estivesse respondendo a uma pergunta normal, em vez de uma pergunta estapafúrdia, respondi que não e tal, mas depois que o cara virou as costas, perguntei aos céus o que ele estava pensando da vida.

Tem gente que acha que livraria é biblioteca. Entra, pega um livro, senta numa mesinha, começa a ler e vai embora. Seria normal, se alguns não fizessem isso todos os dias e marcassem onde pararam de ler, para retomar a leitura no dia seguinte. Recentemente um senhor terminou de ler um assim, e já emendou outra leitura. É impressionante. Tem que ter muita paciência e força de vontade.

Livraria também não é parque de diversões. Quase todos os dias pais e mães soltam seus filhos lá. E salve-se quem puder. A pirralhada corre, pula, deita no meio da loja, senta na escada, sai tirando tudo quanto é livro do lugar e colocando só Deus sabe onde. É uma algazarra sem tamanho. Os pais fazem de conta que não enxergam, que está tudo bem, que é muito bonitinho-guti-guti os filhinhos deles bagunçarem toda a loja.

No calor da situação, dá vontade de dar uns cascudos na gurizada. Mas o certo mesmo seria dar umas palmadas nos pais, que não ensinam aos filhos aquela coisa arcaica que alguns conhecem como “bons modos”.

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