Quem diria que os primeiros dias de 2012 – ano em que, dizem alguns, “o mundo vai acabar” em dezembro -, nos traria uma surpresa como a anunciada pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA), de que existe um planeta habitável fora do sistema solar.
A notícia causa euforia, é claro. Principalmente levando em conta o que a humanidade vem fazendo com o nosso planeta. Sem querer levantar bandeira alguma ou ser chato, estamos destruindo a Terra em um ritmo cada vez mais veloz, o que causa grande preocupação. Afinal, depois que “acabarmos com o mundo” – o que pode ocorrer antes do fim de 2012 -, o que vamos fazer? Onde vamos viver?
Nas últimas décadas houve quem se iludisse com a remota possibilidade de encontrarmos um planeta – ou algo parecido – habitável não muito longe daqui. Hipótese que não foi concretizada.
Mas astrônomos e cientistas são osso duro de roer. Longe de desistir de encontrar um novo lugar para morarmos daqui a algumas centenas de anos, continuaram procurando um novo lar para o Homem com invejável obstinação. E, mesmo contra tudo e contra todos – os chamados eco-chatos (que de chatos arrisco dizer que não têm nada) e céticos vivem fazendo chacota deles, e o governo dos Estados Unidos vem sistematicamente diminuindo a verba destinada à NASA -, eles encontraram.
Batizado de Kepler 22b, o tal planeta está localizado a 600 anos-luz da Terra. Considerando que cada ano-luz equivale a 10 trilhões de quilômetros, e que são necessários 4 dias para chegar à Lua, e que a distância entre a Terra e a Lua é de 384.405 quilômetros, bem, poderemos começar a curtir um solzinho em Kepler 22b – “solzinho” entre enormes aspas, já que o satélite que corresponde ao nosso Sol tem outro nome; chama-se, justamente, Kepler 22, sem o “b” – lá para… é… sabe-se lá Deus quando.
O engraçado – ou trágico – é que a comunidade científica comemora essa descoberta. Eles ficam esfuziantes, não se contêm. Imagino a festa de arromba que fizeram ao serem confirmadas as condições habitáveis de Kepler 22b, com direito a muita Pepsi e rosquinhas.
Mas a verdade é que essa descoberta, festejada por muitos, não faz muita diferença para nós. A possibilidade de habitar um novo planeta, ainda que mais próxima da nossa realidade, não deveria ser sequer considerada, porque isso implica admitir que não há mais saída para a Terra, que ela está fadada à destruição. Pior: significa que nós, seres humanos, não damos a ela o seu real valor, que não cuidamos dela da maneira que deveríamos.
Kepler 22b que se cuide: se chegarmos lá, seus dias estarão contados.